São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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Agronegócio reduz desigualdade no Centro-Oeste do país

Empregos gerados pela atividade levou a melhorias nos serviços públicos e fez região se aproximar do Sul e Sudeste

Apesar de melhoras na região, cidades brasileiras levarão 26 anos para ter alto grau de desenvolvimento

PEDRO SOARES

DO RIO

Cidades brasileiras que tinham os piores indicadores de emprego, renda, saúde e educação entre 2000 e 2009 conseguiram melhorias nesses setores, mas ainda vão levar 26 anos, a contar de agora, para alcançar um elevado grau de desenvolvimento.
Há, porém, uma exceção: o Centro-Oeste. Apoiada na expansão da fronteira agrícola e seu impacto no emprego, a região saiu de um patamar de desenvolvimento similar ao do Norte e Nordeste e se aproximou do Sudeste.
Tal retrato pode ser extraído do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, um indicador preparado por economistas da federação das indústrias fluminenses.
O levantamento faz um raio-X do país com base em três indicadores: renda e emprego formal, saúde e educação. E se assemelha ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), divulgado pela ONU na semana passada.
Encabeçada por Barueri (SP), a lista dos 15 municípios com os mais altos níveis de desenvolvimento tem 14 cidades paulistas. A hegemonia quase absoluta é quebrada por Lucas do Rio Verde (MT), na oitava posição.
O município é um dos mais dinâmicos do cinturão da soja de Mato Grosso, maior produtor do país e polo da agroindústria que processa o grão, além de sede de uma ampla rede de frigoríficos.
Mais duas cidades de Mato Grosso estão entre as cem mais desenvolvidas: Primavera do Leste e Sorriso. As três apresentam evolução rápida no item emprego e renda -impulsionados pelo bom preço da soja e dos demais grãos no exterior e as sucessivas safras recordes.
A pesquisa mostra que o efeito da renda maior no Centro-Oeste se irradiou, via tributos, para os cofres das várias cidades dos Estados, que passaram a prestar melhores serviços públicos.
Isso se traduziu em bons índices em educação e especialmente em saúde nesses três municípios, diz Júlio Miragaya, pesquisador do Conselho Federal de Economia.
"A expansão da fronteira agrícola fez o Centro-Oeste se destacar e explica essa redução regional da desigualdade que não se vê no Norte e no Nordeste", afirma Luciana Sá, diretora da Firjan.
Em 2009, o Centro-Oeste tinha 83,4% das cidades com alto ou moderado grau de desenvolvimento, percentual semelhante ao do Sudeste (86,4%), que só perdia para o Sul (96,2%).
No mapa do desenvolvimento das cidades, porém, persiste uma linha imaginária que corta o país a partir do sul da Bahia e norte de Minas Gerais e se estende pelas franjas da Amazônia.
A linha revela a desigualdade que separa Sul, Sudeste e mais recentemente o Centro-Oeste, onde estão os municípios com alto ou moderado nível de desenvolvimento, do Norte e Nordeste.


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