São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2011

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PT concentra nomeações para o segundo escalão

Dos 170 cargos preenchidos com filiados a partidos, 124 ficaram com o PT

PMDB emplacou apenas 13 indicações até agora, apesar de controlar seis ministérios e de ter o vice-presidente


RANIER BRAGON
SIMONE IGLESIAS

DE BRASÍLIA

O PT prevaleceu até agora sobre os demais partidos aliados na montagem do segundo escalão do governo Dilma Rousseff. Dos 447 nomeados em janeiro e fevereiro para postos de elite do Executivo federal, pelo menos 170 (38%) são ligados a partidos políticos. Desse total, 124 (73%) são do PT.
O dado é resultado de cruzamento feito pela Folha das nomeações publicadas pelo "Diário Oficial da União" em janeiro e fevereiro com a lista de filiados da Justiça Eleitoral e do PT.
Petistas de carteirinha estão espalhados de forma mais ou menos uniforme nas 17 pastas controladas pela legenda, mas seis deles concentram, proporcionalmente, o maior número em relação ao total de nomeados.
Desenvolvimento Agrário (83%), Direitos Humanos (72%), Política para as Mulheres (62%), Saúde (56%), Planejamento (56%) e Relações Institucionais (50%) são responsáveis por efetivações de petistas que superam em 50% os cargos de segundo escalão preenchidos nos dois primeiros meses de governo.
Com exceção de Alexandre Padilha (Saúde) e Miriam Belchior (Planejamento), os outros quatro ministros são estreantes no governo -Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Iriny Lopes (Política para as Mulheres) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais).
Maior aliado do PT na coalizão de Dilma Rousseff, o PMDB possui seis ministérios, mais a Vice-Presidência, mas teria emplacado apenas 13 indicados, ou 8% do total daqueles que têm filiação partidária. Um pouco acima do PSB (6%), que controla Integração Nacional e Portos.
Mas pode haver pequenos ajustes nos números, já que a lista de filiados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é alimentada pelos partidos, o que pode dar margem a desatualizações ou incorreções.
Além disso, os dados não incluem quadros do governo Lula que foram mantidos por Dilma -aqueles para os quais não houve em 2011 registro de exonerações ou nomeações no "Diário Oficial".
Segundo o TSE, 10% dos eleitores têm filiação partidária -13,9 milhões. O PMDB tem o maior número -2,3 milhões (16,7% do total). O PT vem logo atrás, com 1,4 milhão (10%).

ELITE
O governo federal possui cerca de 22 mil cargos de livre nomeação -sem necessidade de concurso público.
Embora não haja critério oficial para definir o que representa segundo escalão, considera-se como a elite aqueles postos com maior salário e em que há relação direta com ministros, cerca de 1.330. A remuneração média para esses cargos vai de R$ 20,3 mil a R$ 24,3 mil.
A Folha excluiu da conta nomeações para áreas cuja penetração política é mais difícil, como militar, diplomática, jurídica e de auditorias.
Estudos de coloração partidária no segundo escalão do governo federal são raros.
Em livro publicado em 2009, "A Elite Dirigente do Governo Lula" (Fundação Getulio Vargas), a cientista política Maria Celina D'Araújo colheu amostragem segundo a qual cerca de 25% dos ocupantes de cargos de elite das duas gestões Lula analisados manifestaram vínculos partidários -sendo cerca de 80%, petistas.
"Os integrantes de carreiras públicas estão majoritariamente filiados a sindicatos e têm preferencialmente adotado o PT, de forma que mesmo que o governo seja de outro partido, a máquina pública irá refletir essa tendência", diz a autora no livro.
Ainda com base na amostragem colhida, em 2006 e 2008, a cientista política escreve que "os ocupantes dos cargos (...) analisados têm alto nível de escolaridade, experiência profissional diversificada (....) [e] cerca de 65% são funcionários públicos".


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