São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Com fala superficial, mineiro alcança seu objetivo político VERA MAGALHÃES DE SÃO PAULO A despeito do conteúdo algo superficial de seu discurso proferido ontem, Aécio Neves (PSDB-MG) teve êxito naquilo que pretendia: se lançar como "líder da oposição", expressão repetida à exaustão nas cinco horas de sessão no Senado. Contou, para isso, com a ajuda de adversários nos dois campos: em seu partido e na base do governo. José Serra, ex-presidenciável tucano que não esconde a pretensão de disputar o Planalto pela terceira vez em 2014, se abalou a Brasília para assistir ao discurso em plenário. Acusou o golpe. Os senadores governistas, petistas à frente, morderam a isca do outro lado e se apressaram em apartear o mineiro para contrapor pontos do discurso e repisar críticas à "herança maldita" tucana: privatizações, sucateamento da Petrobras e compra de votos na reeleição de FHC. Aécio, no princípio visivelmente nervoso, com fala rápida e por vezes inaudível, percebeu no desenrolar dos debates que conseguiu o efeito desejado e administrou o tempo em pé na tribuna por cinco horas. Fez mesuras a Serra, a petistas e, sobretudo, àqueles em quem vê aliados potenciais a seu projeto de 2014: PSB, PMDB, PR e PP, satélites do governo Dilma Rousseff. No conteúdo, a fala foi muito esquemática e apenas pincelou quais seriam as tais críticas ao governo de "nove anos" do PT -aparelhamento, intervenção do Estado em empresas privadas. E não se ouviu a palavra corrupção. O tal "modo tucano" de se opor foi apenas esboçado nas palavras de ordem bastante genéricas: "ética, responsabilidade e coragem". Aécio emulou o discurso histórico com que Mário Covas se lançou candidato à Presidência em 1989, quando pregou a necessidade de um "choque de capitalismo". A expressão foi atualizada para "choque de realidade" -que também dialoga com o "choque de gestão", do marketing do governo de Minas. De concreto, apenas os projetos de lei, esboços de bandeiras eleitorais. Para além da disputa governo x oposição, a sessão de ontem teve o condão de fazer o Senado, reduzido nos últimos anos à condição de tribunal de seus próprios escândalos, retomar a tradição do debate político puro. É ainda digno de nota que as réplicas mais consistentes tenham vindo de novas vozes do PT, como Gleisi Hoffmann (PR), Lindberg Farias (RJ) e Walter Pinheiro (BA). Texto Anterior: Aécio critica governo, com Serra na plateia Próximo Texto: Relator pede demissão de promotores de Brasília Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |