São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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Economistas afirmam que esforços não serão suficientes

MARIANA CARNEIRO
MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO

A extensão da cobrança de imposto de 6% para empréstimos de um a dois anos no exterior , anunciada ontem pelo Ministério da Fazenda, deverá ter pouco efeito sobre a cotação do dólar.
Para economistas ouvidos pela Folha, a tendência de fortalecimento do real continua, apesar dos esforços.
"Essa medida deverá afetar mais o canal de crédito e auxiliar a política monetária [no controle da inflação] do que interferir na taxa de câmbio", diz o economista Flávio Samara, da LCA Consultores.
Com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), ele lembra, fica mais caro captar recursos lá fora, o que pode desincentivar operações de busca de recursos mais baratos no exterior para emprestar aqui no Brasil. No jargão do mercado isso se chama arbitragem.
Mesmo assim, avalia, a diferença entre as taxas de juros no exterior e no Brasil continua atrativa. "O mercado passará por cima de mais esse aumento do IOF", disse.

LIQUIDEZ
O economista José Alfredo Lamy, da Cenário Investimentos, afirma que as empresas brasileiras vêm fazendo emissões com prazos mais longos do que dois anos lá fora. Por isso acredita que a medida será pouco efetiva.
"Existe muita liquidez [oferta de crédito] no mercado externo para as empresas brasileiras, inclusive com prazos mais longos", disse.
Segundo o economista, o fluxo de recursos para o Brasil seguirá forte e está mais relacionado aos juros altos.
O ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni observa que a maior parte dos dólares que entram no Brasil são investimentos em ações ou de longo prazo, seja em produção ou títulos públicos.
O também diretor do centro de economia mundial da Fundação Getulio Vargas criticou o que considera excesso de ações usando o IOF.
"Não gosto de medidas a conta-gotas porque aumentam a incerteza no mercado e têm efeito concreto muito modesto", afirma Langoni.
A valorização do real também é dada como certa para o economista do banco Santander, Cristiano Souza.
"Apesar de todas as medidas, o real continua se apreciando. A valorização tem mais a ver com os preços das matérias-primas do que com o cenário interno", disse.
Segundo ele, três quartos da valorização do real se devem ao aumento dos preços das commodities -vendidas pelo Brasil no exterior.


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