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ANÁLISE
Medida enfrenta dificuldades logísticas e falta de recursos
EDUARDO SCOLESE
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER
Quando no primeiro dia
oficial de campanha José Serra promete mais do que dobrar o número de famílias do
Bolsa Família, o tucano deixa em aberto uma série de
medidas logísticas e orçamentárias necessárias para
mexer dessa forma na principal marca social de Lula.
A primeira questão é orçamentária. O Bolsa Família
beneficia hoje 12,6 milhões
de famílias, a um custo atual
de R$ 13,1 bilhões/ano. Para
incluir outras 15 milhões, como prometeu, esse volume
saltaria para R$ 30 bilhões.
Para disponibilizar um volume como esse, num Orçamento hoje apertado e comprometido, aposta num
aquecimento permanente e
volumoso da economia e, indiretamente, no corte de investimentos em outras áreas.
Mas as dificuldades não
estão apenas no bolso e nessa aposta. O cadastro dessas
famílias pobres depende essencialmente das prefeituras, essas sem funcionários e
infraestrutura suficientes para localizá-las, entrevistá-las
e lançá-las no banco de dados do governo federal. Só recebe o cartão do Bolsa Família quem está no cadastro.
Um exemplo desse complicador logístico aparece na
maior cidade do Brasil. Com
base em dados do IBGE, estima-se que na capital vivam
hoje cerca de 320 mil famílias
com perfil do Bolsa Família,
mas apenas 134 mil recebem
hoje o benefício. As demais
não aparecem em nenhum
cadastro oficial e estariam,
em tese, incluídas na promessa de ontem do tucano.
Vale lembrar que, enquanto prefeito de SP, Serra não
acabou com esse deficit.
Supondo-se que a promessa seja cumprida, outro ponto que precisa ser explicado
pelo tucano e que hoje engatinha no governo Lula: como
capacitar profissionalmente
essas famílias e, depois, oferecer a elas milhões de empregos no interior do país.
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