São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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Bolha em emergentes preocupa, diz FMI

Diretora do Fundo, Christine Lagarde vê com preocupação superaquecimento e excesso de dólares para economias como o Brasil

No primeiro semestre, Brasil registrou entrada de US$ 39,8 bi, 64% mais do que o verificado em todo o ano de 2010

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A nova diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, disse ontem que o excessivo fluxo de capitais para países emergentes, inclusive o Brasil, e o possível risco à suas economias estão entre suas maiores preocupações.
Ao ser indagada pelo repórter de uma TV brasileira sobre o que mais a inquieta, a francesa primeiro citou como questão imediata a crescente dívida dos países ricos, notadamente dos europeus, imersos em uma crise.
"A segunda coisa, e vindo do Brasil você deve estar atento a isso, é a questão dos fluxos de capitais e, como resultado, as dúvidas e suspeitas dos investidores de que este fluxo vise a algumas áreas que não queiram ou não estejam preparadas para eles, ou que temam seus efeitos na economia", explicou.
E acrescentou: "A combinação dessas duas coisas é minha maior preocupação".
Lagarde deu ontem sua primeira entrevista coletiva no novo cargo, um dia após assumir. O ritmo da retomada econômica dos países emergentes permeou boa parte de seu discurso.
Analistas estrangeiros têm cada vez mais chamado a atenção para o risco de um eventual estouro de bolha nas economias emergentes como China, Índia e Brasil, que após a crise viraram o destino preferencial dos investimentos mundiais.
Mais recentemente, o Fundo admitiu que pode ser importante o controle de fluxos de capitais.

ENTRADA DE DÓLARES
A entrada de dólares no Brasil caiu 88% no segundo trimestre ante o registrado nos três primeiros meses do ano, segundo dados do Banco Central.
No fim de março, o governo aumentou o IOF sobre empréstimos feitos por empresas brasileiras no exterior.
Em junho, mais dólares saíram do que entraram no país (US$ 2,6 bilhões), o que não ocorria desde dezembro.
Os números recordes dos três primeiros meses do ano, contudo, ainda inflam as estatísticas de 2011. No primeiro semestre, entraram no país US$ 39,8 bilhões, 64% acima do verificado em todo o ano de 2010.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 1.084%.
Apesar da entrada recorde no ano, o BC comprou 96% desses dólares, o que levou à maior alta das reservas internacionais desde o segundo semestre de 2007.
No fim de junho, esse "colchão" somava US$ 335,8 bilhões, com crescimento de 16,4% ante dezembro.


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