São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2011

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Após suspeita de corrupção, número 2 da Agricultura cai

Secretário-executivo pede demissão depois de lobista acusá-lo de cobrar propina sobre contratos do ministério

Milton Ortolan nega irregularidades e se diz injustiçado; ministro Rossi (PMDB) afirma desconhecer lobista

DE BRASÍLIA

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo ontem.
Número dois na estrutura da pasta, ele decidiu deixar o cargo após a revelação, pela revista "Veja" desta semana, de que um lobista teria uma gravação em que Ortolan exigia propina de 10% sobre contrato com o ministério.
Ortolan disse ter entregue a carta de demissão ao ministro Wagner Rossi (PMDB) em caráter "irrevogável".
Segundo a reportagem, o então secretário-executivo foi responsável por levar o lobista Júlio Fróes à primeira reunião na comissão de licitação do ministério.
Na pasta, segundo a revista, Fróes tem sala própria, elabora editais e escolhe as empresas prestadoras de serviço da Agricultura.
Na carta de despedida, Ortolan negou as acusações e disse que terá como provar inocência.
"Repudio as informações publicadas de que sou conivente com irregularidades e desvios de recursos no Ministério da Agricultura", disse.
O demissionário afirmou que conheceu Fróes somente quando ocorreu o processo de contratação da Fundação São Paulo (PUC-SP) pelo ministério. "Chegou a mim como sendo um representante da PUC-SP", afirmou.

"INJUSTIÇADO"
Ortolan também negou ter participado de reunião para discutir o pagamento de propina no setor de assessoria parlamentar do ministério, como relata a revista.
"Não participei e nem compactuo com ilegalidades. Tenho 40 anos de serviço público. Jamais fui acusado de conduta irregular. Sinto-me injustiçado e ofendido pelas suspeitas levantadas na reportagem."
O Ministério da Agricultura está no centro do noticiário desde que Oscar Jucá Neto, irmão do senador Romero Jucá (PMDB), disse que há "bandidos" na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e sugeriu que o ministro Rossi participava de esquemas de corrupção.
Obedecendo estratégia do PMDB, Rossi foi à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados na semana passada e negou irregularidades na pasta e na Conab.

SEM RELAÇÃO
Em nota divulgada ontem, o ministro também negou hoje as acusações da reportagem em relação ao lobista.
"Repudio as informações constantes da reportagem que tratam de Júlio Fróes, apresentado pela revista como meu amigo, segundo palavras atribuídas a ele. Nunca participei de reunião com este senhor. Não desfruta de minha amizade e nem de minha confiança", disse.


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