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Hélio Costa diz que recebeu doação, mas não declarou
Informe ao TRE não traz contribuição citada em sabatina pelo candidato
Suplente que fez doação sugere que candidato passe a fazer campanha de "boca fechada"; PSDB recorre à Justiça
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O candidato ao governo de
Minas Gerais pelo PMDB, Hélio Costa, é suspeito de ter
omitido da Justiça Eleitoral o
recebimento de R$ 4 milhões
na sua vitoriosa campanha
ao Senado em 2002.
Em sabatina promovida
pela Folha/UOL em Belo Horizonte, no dia 11 de agosto
passado, Costa disse que recebeu esse valor do seu suplente, Wellington Salgado
(PMDB).
O montante, porém, é o
dobro do total que ele declarou à Justiça Eleitoral naquela campanha. Outro detalhe:
não há registro de doação direta feita por Salgado.
No informe encaminhado
por Costa ao Tribunal Regional Eleitoral, há, sim, contribuições de duas empresas de
Salgado e de dois irmãos dele. Mas essas doações somam
apenas R$ 1,3 milhão.
No total, a campanha do
senador declarou ao TRE ter
arrecadado R$ 2,4 milhões.
Na sabatina, em agosto,
Costa foi questionado se Salgado foi escolhido como seu
suplente porque contribuiu
com R$ 1,2 milhão para a
campanha. "Não foi um milhão, foram quatro, diga-se
de passagem", respondeu
ele. A declaração pode ser
acessada no site do UOL.
Salgado acabou exercendo seis dos oito anos do mandato. O titular licenciou-se
em 2005 para assumir o Ministério das Comunicações,
de onde saiu neste ano para
se candidatar ao governo de
Minas em aliança com o PT.
No ano passado, Costa admitiu ter usado bilhetes aéreos da cota de seu suplente,
mesmo estando afastado das
atividades no Legislativo.
Por meio da assessoria,
Hélio Costa primeiro confirmou o valor de R$ 4 milhões.
Sobre o fato de não aparecer
no registro nenhuma doação
de Salgado, ela alegou que o
valor era a soma de doações
de empresas e familiares do
suplente e de pessoas que
contribuíram a pedido dele.
Confrontada com a informação de que a quantia de
R$ 4 milhões era maior do
que o total declarado pela
campanha ao TRE, a assessoria soltou uma nova versão:
Costa se confundiu com o valor e citou o número que era a
meta de arrecadação daquela eleição, e não o valor final
das contribuições.
Hoje candidato a deputado federal, Salgado, por sua
vez, enrolou-se em três explicações à Folha.
Primeiro, disse que não fez
doação alguma e que seus irmãos injetaram dinheiro na
campanha porque quiseram.
Após dizer que consultou
Hélio Costa, ele procurou a
Folha para dizer que o valor
de R$ 4 milhões era o total
que o PMDB havia conseguido captar para a campanha.
Informado, então, que a
arrecadação oficial foi a metade disso, Salgado ironizou
o aliado: disse que Costa terá
que doravante "fazer a campanha de boca fechada".
A campanha de Antonio
Anastasia (PSDB), que disputa com Costa a liderança
nas pesquisas de intenção de
voto, prometeu acionar a
Justiça. "A declaração dele é
um indício eloquente da utilização de caixa dois também na campanha de 2002",
disse José Sad Júnior, advogado da coligação tucana.
A chapa tucana já havia
ingressado no Tribunal Regional Eleitoral com outro
pedido -acusou Costa de
usar jatinhos na campanha
deste ano sem declarar o valor do aluguel à Justiça.
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