São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Hélio Costa diz que recebeu doação, mas não declarou

Informe ao TRE não traz contribuição citada em sabatina pelo candidato

Suplente que fez doação sugere que candidato passe a fazer campanha de "boca fechada"; PSDB recorre à Justiça


ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

O candidato ao governo de Minas Gerais pelo PMDB, Hélio Costa, é suspeito de ter omitido da Justiça Eleitoral o recebimento de R$ 4 milhões na sua vitoriosa campanha ao Senado em 2002.
Em sabatina promovida pela Folha/UOL em Belo Horizonte, no dia 11 de agosto passado, Costa disse que recebeu esse valor do seu suplente, Wellington Salgado (PMDB).
O montante, porém, é o dobro do total que ele declarou à Justiça Eleitoral naquela campanha. Outro detalhe: não há registro de doação direta feita por Salgado.
No informe encaminhado por Costa ao Tribunal Regional Eleitoral, há, sim, contribuições de duas empresas de Salgado e de dois irmãos dele. Mas essas doações somam apenas R$ 1,3 milhão.
No total, a campanha do senador declarou ao TRE ter arrecadado R$ 2,4 milhões.
Na sabatina, em agosto, Costa foi questionado se Salgado foi escolhido como seu suplente porque contribuiu com R$ 1,2 milhão para a campanha. "Não foi um milhão, foram quatro, diga-se de passagem", respondeu ele. A declaração pode ser acessada no site do UOL.
Salgado acabou exercendo seis dos oito anos do mandato. O titular licenciou-se em 2005 para assumir o Ministério das Comunicações, de onde saiu neste ano para se candidatar ao governo de Minas em aliança com o PT.
No ano passado, Costa admitiu ter usado bilhetes aéreos da cota de seu suplente, mesmo estando afastado das atividades no Legislativo.
Por meio da assessoria, Hélio Costa primeiro confirmou o valor de R$ 4 milhões. Sobre o fato de não aparecer no registro nenhuma doação de Salgado, ela alegou que o valor era a soma de doações de empresas e familiares do suplente e de pessoas que contribuíram a pedido dele.
Confrontada com a informação de que a quantia de R$ 4 milhões era maior do que o total declarado pela campanha ao TRE, a assessoria soltou uma nova versão: Costa se confundiu com o valor e citou o número que era a meta de arrecadação daquela eleição, e não o valor final das contribuições.
Hoje candidato a deputado federal, Salgado, por sua vez, enrolou-se em três explicações à Folha.
Primeiro, disse que não fez doação alguma e que seus irmãos injetaram dinheiro na campanha porque quiseram.
Após dizer que consultou Hélio Costa, ele procurou a Folha para dizer que o valor de R$ 4 milhões era o total que o PMDB havia conseguido captar para a campanha.
Informado, então, que a arrecadação oficial foi a metade disso, Salgado ironizou o aliado: disse que Costa terá que doravante "fazer a campanha de boca fechada".
A campanha de Antonio Anastasia (PSDB), que disputa com Costa a liderança nas pesquisas de intenção de voto, prometeu acionar a Justiça. "A declaração dele é um indício eloquente da utilização de caixa dois também na campanha de 2002", disse José Sad Júnior, advogado da coligação tucana.
A chapa tucana já havia ingressado no Tribunal Regional Eleitoral com outro pedido -acusou Costa de usar jatinhos na campanha deste ano sem declarar o valor do aluguel à Justiça.


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