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Construtoras ajudam a eleger 54% dos novos congressistas
Empreiteiras mais que triplicaram volume de doações em relação a 2006
Eleitos do PT receberam
R$ 25 mi, e do PSDB,
R$ 19 mi; Aécio Neves e Itamar Franco lideram
a lista, com R$ 9 mi
SILVIO NAVARRO
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO
As empreiteiras mais que
triplicaram o volume de doações para os políticos que se
elegeram para o Congresso
neste ano em relação a 2006.
Dos congressistas eleitos,
54% receberam recursos das
construtoras em 2010, um total de R$ 99,3 milhões.
Levantamento feito pela
Folha nas prestações de contas disponíveis no Tribunal
Superior Eleitoral mostra
que 306 congressistas que
assumirão mandatos em fevereiro (264 deputados e 42
senadores) receberam contribuições de construtoras.
Há quatro anos, as empreiteiras declararam ter
doado R$ 32,6 milhões (valores corrigidos pela inflação).
A conta tem apenas uma
ressalva: neste ano foram
disputadas 27 vagas a mais
no Senado do que em 2006,
quando foi eleito apenas um
senador para cada Estado.
As empreiteiras superaram com folga outros tradicionais doadores, como bancos, mineradoras e empresas
ligadas ao agronegócio.
ORÇAMENTO
No Congresso, parlamentares distribuem suas emendas para destinar recursos a
obras públicas e participam
de comissões temáticas vinculadas diretamente ao ramo
de atividade das construtoras, além da elaboração do
Orçamento da União.
Também há expectativa de
que obras do chamado PAC 2
(a segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento) ganhem força nos
próximos anos, na esteira da
preparação para a Copa do
Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016.
Os eleitos pelo PT, partido
da futura presidente Dilma
Rousseff, foram os que mais
arrecadaram do setor: R$ 25
milhões. O partido conquistou cem cadeiras do Congresso. Os eleitos pelo PSDB, 58
no total, receberam R$ 19 milhões, e os pelo PMDB, 55, R$
12 milhões.
Os campeões em valores
absolutos são os futuros senadores Aécio Neves (PSDB)
e Itamar Franco (PPS), eleitos
em chapa conjunta. Receberam R$ 9 milhões de empreiteiras. O tucano, apontado
como futuro líder da oposição, ganhou dinheiro de 41
empresas do ramo.
Cotada para assumir um
ministério, a senadora eleita
Marta Suplicy (PT) recebeu
R$ 3 milhões de empreiteiras
e R$ 600 mil do ramo de infraestrutura (mineração, metalurgia e siderurgia).
A nova senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), mulher
do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, obteve
R$ 3,1 milhões.
TOTAL
O total arrecadado pelas
campanhas dos novos congressistas foi de R$ 801,6 milhões. As maiores médias são
dos eleitos pelo Centro-Oeste, puxadas pelo agronegócio. No total, empresas que
exercem atividade agrícola
distribuíram R$ 50 milhões
aos vencedores.
Ex-governador de Mato
Grosso e cotado para o Ministério da Agricultura, o senador eleito Blairo Maggi (PR)
recebeu R$ 2,1 milhões da
agroindústria.
Na sequência, aparecem
empresas da área de infraestrutura, que também mantêm representantes nos corredores do Congresso para
monitorar as comissões, com
R$ 28,6 milhões.
Os bancos doaram R$ 13
milhões aos eleitos. Quem
mais contribuiu com campanhas foram o Itaú e o BMG
-banco envolvido no escândalo do mensalão.
Aécio também se destaca
no ranking dos preferidos
dos bancos, com R$ 900 mil
-o BMG doou R$ 400 mil, e o
Itaú, R$ 500 mil.
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