São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2011

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ENTREVISTA GERALDO ALCKMIN

Alckmin diz não ter feito acordo com Aécio por 2014

Governador de SP afirma que, agora, descarta se candidatar à Presidência, defende a reorganização do PSDB e diz que Serra pode ocupar "papel que quiser"

Eduardo Knapp/Folhapress
O governador de SP, Geraldo Alckmin, em sua sala no Palácio dos Bandeirantes

CATIA SEABRA
DANIELA LIMA

DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin levou para o gabinete no Palácio dos Bandeirantes um quadro de Rodrigues Alves, "o último presidente paulista".
É diante da imagem de Alves, uma fonte de inspiração, que o tucano trabalha todos os dias. Questionado se descarta candidatura à Presidência, insinuou que do desempenho à frente do governo dependerá seu futuro.
Alckmin usou metáforas para falar sobre suas aspirações. O quadro de Alves não foi o único indício. O tucano apresentou seu livro de cabeceira: "Rompendo o cerco", uma coletânea de discursos de Ulysses Guimarães.
Leu capítulo intitulado "O Decálogo do Estadista", que enumera qualidades indispensáveis ao político. Destacou trechos sobre coragem, paciência, sorte e esperança.
"O estadista é o arquiteto da esperança. (...) Se estou cercado, eu ataco", narrou.
Alckmin defendeu a "reorganização do PSDB", disse não ter acordo com Aécio sobre a sucessão presidencial e afirmou que José Serra pode desempenhar "o papel que quiser" no partido.
Leia trechos da entrevista.

 

Folha - Como reagiu às derrotas de 2006 e 2008?
Geraldo Alckmin -
O importante é ter humildade quando ganha e altivez quando perde. Em 2006, embora derrotado, ganhei uma parte importante do Brasil.

E com esse capital, o sr. arquiva o projeto da Presidência?
Não posso arquivar o que não está colocado. Nossa tarefa é governar bem São Paulo, que tem tamanho de país.

Está descartando a candidatura à Presidência?
Neste momento, totalmente. Eu não tenho preocupação eleitoral.
As coisas têm o seu momento. As coisas têm soluções naturais, acabam se impondo. Tudo tem seu tempo. Quatro anos são um século.

Existe um acordo entre o sr. e o Aécio para que ele seja candidato à Presidência?
Não existe acordo. E esse não é o momento de discutir escolha de candidato.

O sr. acha então que a oposição errou ao apostar em um cenário econômico ruim?
Quando você perde a eleição só tem uma explicação: faltaram votos. Agora é olhar para o futuro. E olhar para o futuro é organizar o partido.

O PSDB ainda não aprendeu a amassar barro?
Precisa amassar mais barro, no sentido de estar próximo da sociedade organizada.

Dilma Rousseff promete erradicar a miséria no país. O sr. diz que investirá em ações sociais. Quer cumprir a meta antes dela?
Não há uma disputa aí. Governo não é para fazer oposição. Tarefa de governo é trabalhar junto e não há contradição nisso.

É irreversível essa rivalidade entre Minas e São Paulo?
Isso é inconcebível. Temos uma tradição de amizade com Minas. Olha, está aqui na minha frente o [quadro de] Rodrigues Alves, o último presidente paulista. E olha que faz tempo. E quem era o vice de Rodrigues Alves? Era o Delfim Moreira, de Minas.

Como se explica isso? O sr. e Serra perderam em Minas.
Minas é um Estado muito grande. Não dá para ter essa uniformidade. Mas defendo esse esforço de unidade.

Aécio se esforça para isso?
Acho que sim. Cada um tem um estilo, né?

O quadro de Rodrigues Alves já estava aí?
Trouxe de volta. Foi o único brasileiro eleito duas vezes presidente, antes de FHC, quando não existia reeleição.

Há rumores de que o sr. apoiaria o deputado Gabriel Chalita (PSB) para a prefeitura...
Não tem a menor procedência. É evidente que o candidato será do PSDB, ou do núcleo mais próximo.

E a influência de Chalita no governo?
Chalita é amigo. Cursou um outro caminho -contra a minha vontade-, mas não deixa de ser amigo por causa disso. O Paulo Alexandre [Desenvolvimento Social] foi escolhido em razão da trajetória. Sobre o secretário da Educação, não tire as minhas iniciativas: eu o conheço há mais de 20 anos.

Como o sr. reage às críticas de que centralizou a montagem do governo e alijou o Serra?
Ouvi todo mundo, inclusive o Serra. Isso aqui é uma corrida de revezamento. E queria desfazer um equívoco. Não estou fazendo auditoria.

A palavra auditoria se encaixa. Não significa busca de irregularidade.
A marca do PSDB é de governos comprometidos com gestão. Não tem nada a ver com fofoca política. Se tudo que você fizer, vira atrito, vira distanciamento, você não consegue trabalhar.

O que dizer aos serristas que acusam o sr. de revanche?
Não existem serristas e alckmistas. Isso é um atraso.

Há possibilidade de privatização da Cesp?
Está fora de discussão nesse momento. Não tomamos decisão sobre isso.

Qual é a expectativa quanto ao governo Dilma?
Acho que ela pode avançar na questão da gestão. Tem experiência nisso.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, diz que o PT tem um Pelé no banco de reservas. Isso amedronta?
Imagine. Com todo o respeito ao ex-presidente, mas em São Paulo ganhamos a eleição dele. O presidente tem mérito, história. Mas sou contra personalismo.


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