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Imposto para conter a queda do dólar turbina arrecadação
Importância do IOF para os cofres do governo já equivale a metade da contribuição da extinta CPMF
Novas medidas devem levar governo a revisar suas estimativas de arrecadação com o IOF, hoje em R$ 31,4 bilhões
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
Os sucessivos aumentos
do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não têm
evitado a derrocada das cotações do dólar nem a piora das
expectativas de inflação,
mas já demonstraram sua eficiência para o fortalecimento
do caixa federal.
A arrecadação do tributo
disparou nos últimos anos e
já equivale a mais da metade
do que renderia hoje a extinta CPMF, cujo espaço na receita do governo o IOF vem
ocupando -quando ainda
era cobrada, a contribuição
sobre a movimentação financeira arrecadava o quíntuplo
da receita do IOF.
Em outubro de 2009, as
alíquotas do IOF sobre a entrada de recursos no país começaram a subir na tentativa
de conter a enxurrada de empréstimos, investimentos e
aplicações de estrangeiros
em renda fixa e na Bolsa de
Valores brasileira.
Antes como agora, a preocupação declarada da equipe
econômica era evitar que o
excesso de oferta de dólares
derrubasse as cotações da
moeda norte-americana,
com perdas para as exportações, especialmente da indústria, e riscos para os empregos.
O imposto também tem subido, como ontem, para conter a expansão do crédito e
seus efeitos sobre o consumo
e os preços.
A inflação superou a meta
oficial de 4,5% em 2010 e, como o próprio governo admite, deverá fazer o mesmo neste ano.
No mercado de câmbio,
não houve resultados palpáveis: o dólar, que era comprado por mais R$ 1,70 quando o
tributo começou a subir, ontem fechou em R$ 1,58; na
melhor das hipóteses, a taxação evitou uma queda ainda
mais aguda.
Já a arrecadação do IOF teve uma alta mais de 30% acima da inflação no ano passado, a maior expansão entre
os principais tributos cobrados pela União -impulsionada também pelos volumes
recordes de empréstimos e financiamentos a pessoas físicas e empresas.
Para este ano, mesmo antes das medidas recentes, o
governo já esperava um aumento da receita do imposto
de 18%, muito acima das projeções para a inflação e o
crescimento da economia.
Com as novas alíquotas, a
próxima estimativa de arrecadação deve superar os
atuais R$ 31,4 bilhões.
A vocação do IOF para
compensar a extinção da
CPMF não se deve apenas ao
fato de ambos incidirem sobre transações financeiras.
Para o governo, há duas
vantagens: as alíquotas do
imposto podem ser alteradas
por decreto, e sua receita não
precisa ser dividida com Estados e municípios.
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