São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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DEM encolhe e refaz caminho à direita

Quatro anos depois de deixar de ser PFL, partido foca eleitorado conservador e fala em redefinição de programa

Sigla quer "exorcizar" legado de Bornhausen e avalia ter nome para ser opção ao projeto de Aécio para Presidência

DE SÃO PAULO

Após perder um governador, 17 deputados federais, um vice-governador, o prefeito da principal capital do país e dois senadores, o DEM prepara uma guinada à direita para tentar fisgar o eleitorado conservador e estancar a sangria causada pela criação do PSD.
A perda de filiados levou a um momento de desespero em que, além de cogitar a fusão com o PSDB, o partido chegou a discutir uma espécie de "suicídio político".
A proposta era fazer a fusão com um partido pequeno, o que liberaria os remanescentes de cumprir a súmula da fidelidade partidária e causaria uma "diáspora" pelas siglas já existentes.
"Não vamos cair no jogo do Planalto de ficar discutindo fusão. Não podemos deixar o Brasil virar o México, que ficou 15 anos com partido único e sem oposição", afirma o deputado Pauderney Avelino (AM).
Numa reunião na semana passada, a cúpula da legenda desautorizou qualquer ideia desse tipo e decidiu fazer o caminho contrário ao adotado em 2007, quando trocou o nome de PFL para DEM para tentar caminhar para o centro.
"Existe um eleitorado liberal, de perfil conservador, que precisa de um partido que o represente. Temos de falar a essas pessoas, representá-las no Congresso, com clareza", disse à Folha o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), um dos mentores do novo discurso.
Numa tentativa de retomar a autoestima abalada com as baixas, os "demos" adotaram um mantra: seus 29 deputados são um "número expressivo", e a saída dos pessedistas foi um "expurgo".
"Vamos exorcizar o fantasma de Jorge Bornhausen", brada o líder na Câmara, ACM Neto (BA). Bornhausen se desligou do partido na semana passada.
ACM Neto adota um tom mais cauteloso em relação ao partido se assumir como liberal, como defende Demóstenes. "Não se trata de ser de direita ou de esquerda, até porque o mais direitista era o Bornhausen", alfineta.
O DEM adota o receituário-padrão para momentos de crise: fará uma pesquisa sobre a expectativa do eleitor, investirá numa "redefinição programática" e fala até em lançar candidato próprio à Presidência -embora seus líderes admitam a proximidade do projeto presidencial do tucano Aécio Neves.
No balão de ensaio do presidenciável do DEM o nome é o do liberal Demóstenes.
Ele acha que o partido deve "abrir a porta" para todos que quiserem sair. "Temos de lançar candidato e ter plataforma própria", diz.
(VM)


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