São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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Classe média tem inflação mais branda

Especialistas apontam inflação de 6,11% em 12 meses para o grupo, pouco abaixo da média nacional, de 6,51%

Flexibilidade das camadas intermediárias em substituir produtos explica baixo impacto político da inflação

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

O surto inflacionário dos últimos meses atingiu com menos força a classe média, o grupo social que virou alvo prioritário das lideranças políticas e dos partidos, de olho nas eleições de 2012.
De acordo com um estudo feito para a Folha pelos economistas Heron do Carmo, da USP (Universidade de São Paulo), e Jackson Rosalino, a inflação foi de 6,11% as famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos.
A ponderação permite enxergar com mais precisão o índice correspondente à classe média do que o principal índice de preços do país, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. O IPCA registrou alta de 6,51%, estourando, pela primeira vez em seis anos, o teto da meta do governo, de 6,5%.
A consultoria Datapopular estima que 96 milhões de brasileiros façam parte hoje da classe C, considerando famílias com renda mensal de três a dez salários mínimos.
Nos últimos anos, o grupo foi especialmente beneficiado pela expansão da renda e do crédito e se tornou um dos motores do consumo, que representa quase dois terços do PIB (Produto Interno Bruto), a soma dos bens e serviços produzidos no país.

IMPACTO POLÍTICO
O governo tem encontrado dificuldades para domar a inflação e convencer o mercado financeiro de que sua estratégia está correta.
Mas seu impacto reduzido no bolso da classe C pode indicar que a inflação ainda está longe de afetar o bom índice de popularidade da presidente Dilma Rousseff.
"A inflação ainda não é um problema político", diz o economista Roberto Padovani, do banco West LB. "O risco é o governo ficar mais à vontade com a inflação."
Dilma reafirmou em pronunciamentos recentes que o combate à inflação é prioritário em sua gestão.
O real forte em relação ao dólar ajuda a conter o surto inflacionário, mas, sem dar sinais de que vai intervir no câmbio, a presidente e sua equipe enfrentam a pressão dos empresários, descontentes com as exportações.
Para Rafael Cortez, analista político da consultoria Tendências, a classe média é menos vulnerável do que os mais pobres pois consome maior variedade de produtos que podem ser substituídos em caso de alta de preços.
Segundo ele, esse pode ser um dos motivos para a popularidade da presidente Dilma Rousseff, a despeito da pressão inflacionária.
Para Heron do Carmo, é cedo para tirar conclusões. "A inflação está alta para todos", diz o economista.
Segundo ele, os integrantes da classe média estão mais protegidos por consumirem menos serviços e combustíveis, itens que têm contribuído especialmente para fazer a inflação subir.


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