São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Gerente da gerente

Na conversa em que formalizou o convite a Gleisi Hoffmann (PT-PR) para substituir Antonio Palocci, Dilma Rousseff foi explícita quanto à determinação de mudar o perfil da Casa Civil. Usou inclusive a expressão "Dilma da Dilma" para descrever a expectativa de que a senadora se concentre na gerência do governo, assim como fez a hoje presidente quando assumiu esse cargo em 2005, depois da queda de José Dirceu.
Dilma estava de olho em Gleisi desde a transição. Chegou a discutir com Lula o desejo de levá-la para a Esplanada. Na ocasião, ele ponderou que Gleisi ganharia experiência e reconhecimento se antes exercesse por algum tempo o mandato de senadora.



Minoritário Confrontado com a ideia de que passou a formar com Gleisi o "casal mais poderoso da República", o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) desdenha de sua participação: "Nessa sociedade, eu entro com no máximo 10%".

Time Os dois foram secretários, juntos, no governo petista do Mato Grosso do Sul. Ele na Fazenda e ela na Reforma Administrativa. Em Londrina, Gleisi assumiu a pasta de Gestão quando Bernardo deixou a da Fazenda.

Enquanto isso... No dia em que Palocci caiu, PMDB e PT tiveram nova demonstração de que, cada qual a seu modo, vivem no escuro com Dilma. A sigla de Michel Temer ainda operava no Congresso para tentar salvar o ministro quando o vice, pouco antes da nota oficial, foi informado pela presidente do pedido de demissão e do nome da substituta.

...no castelo Os petistas, que já haviam entregue Palocci aos leões, não poderiam ter sido mais surpreendidos pela escolha de Gleisi. Vários receberam a notícia boquiabertos, enquanto cortavam o bolo de aniversário de João Paulo Cunha (SP) no gabinete do deputado.

Valeu aí Logo após aceitar o convite, Gleisi estava reunida com a bancada de senadores do PT quando Palocci telefonou. No viva voz, ele agradeceu o apoio dos senadores. Isso poucas horas depois de a bancada rejeitar soltar nota em seu favor.

Ontem e hoje Em 2006, Palocci levou 13 dias para cair depois que o caseiro Francenildo Costa relatou visitas do então ministro da Fazenda à chamada "casa do lobby". Agora, foram 23 dias.

Vem aí A substituição de Luiz Sérgio (Relações Institucionais), dada como certa devido à necessidade de reforçar a articulação política, já movimenta o PT. Uma ala defende Cândido Vaccarezza (SP) no ministério e Arlindo Chinaglia (SP) como seu substituto, na liderança do governo na Câmara.

Panela vazia Um cacique aliado considera injusto responsabilizar Luiz Sérgio, mais conhecido como "garçom", pela ineficiência da articulação política do governo: "Ele de fato anota os pedidos e manda para a cozinha. O problema é que lá não tem cozinheiro".

Por fora Quem conversou com José Dirceu, que desde segunda circulava por Brasília, ouviu cenários bastante diferentes daqueles que acabaram se realizando.

Sonho meu Deputados do DEM que acompanharam em Portugal a derrota da esquerda depois de seis anos no poder voltaram enlevados com o ambiente em torno do futuro premiê, Pedro Passos Coelho. "Aquele clima de vitória dá uma inveja na gente...", disse, entre suspiros, Pauderney Avelino (AM).

Pílula O sanitarista Moisés Goldbaum, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, assumirá o comando da Furp (Fundação para o Remédio Popular), órgão do governo paulista. Sua tarefa inicial é conceber uma PPP para ampliar a lista de medicamentos de última geração ofertados hoje pela instituição.


com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio

"Não tendo como esclarecer, ao governo não restou alternativa que não a de demitir."
DO PRESIDENTE DO DEM, JOSÉ AGRIPINO (RN), sobre o anúncio da saída de Antonio Palocci, 23 dias depois da revelação de que seu patrimônio se multiplicou em pelo menos 20 vezes entre 2006 e 2010.

contraponto

Reengenharia ministerial

Na visita de Hugo Chávez ao país, os brasileiros foram apresentados ao venezuelano Ricardo Menéndez, que acumula, no país vizinho, os cargos de vice-presidente da "área econômico-produtiva" e de ministro de ciência, tecnologia e telecomunicações.
Alguém lembrou que, no Brasil, essas atribuições estão divididas entre Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Aloizio Mercadante (MCT) e Paulo Bernardo (Comunicações), o que levou este último a brincar:
-Esta ideia não pode vingar aqui de jeito nenhum. Senão o Pimentel e o Mercadante tomam o meu lugar!


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