São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Piloto de avião retido em aldeia escapa

Aeronave, pertencente a uma empresa de táxi aéreo, tinha sido retida por índios ianômamis há uma semana

Índios protestavam contra uma possível nomeação política para o Distrito Sanitário Yanomami e Ye'kuana


RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Um evento inesperado interrompeu ontem o protesto dos índios ianomâmis que havia mais de uma semana mantinham retido um avião Cesna fretado pela Funasa em uma aldeia de Barcelos, no Amazonas.
O piloto da aeronave, Tássio Sousa, aproveitou um descuido dos manifestantes e decolou no início da manhã em direção ao aeroporto de Boa Vista (RR).
Os índios protestavam contra a possível nomeação de uma servidora do Ministério da Saúde para a chefia do DSEI-Y (Distrito Sanitário Yanomami e Ye'kuana).
A fuga ocorreu por volta de 5h30 da manhã, enquanto os índios dormiam, diz Dário Kopenawa, um dos líderes da etnia. "O piloto conseguiu pegar a chave, tirou as pedras e paus que bloqueavam a pista e foi embora", relata.
Segundo ele, o piloto "não estava preso, não era maltratado e não sofria ameaças". "Não sei o que ele pensou, pois estava numa boa. O protesto envolvia só o avião."
Mesmo sem o instrumento de barganha, a manifestação vai continuar, diz o ianomâmi. "Estamos revoltados com o que aconteceu [fuga do piloto]. Agora vamos a Brasília para tentar falar com o ministro da Saúde", disse.
A Roraima Táxi-Aéreo, proprietária do avião, confirmou o retorno do piloto e da aeronave a Boa Vista.

"INDICAÇÕES POLÍTICAS"
Em carta encaminhada na semana passada ao ministro Alexandre Padilha (Saúde), os ianomâmis se declararam "muito indignados" com "indicações políticas" para o DSEI-Y. "Qualquer nomeação de cargo que não passe por uma consulta das comunidades Yanomami e Ye'kuana não será aceita", dizia um trecho da carta.
A queixa diz respeito à possível nomeação de Andréia Maia Oliveira, assessora da coordenação regional da Funasa, para a chefia do distrito. A indicação, segundo os índios, foi feita pelo senador Romero Jucá (PMDB).
O senador nega participação no processo. Em nota à Folha, o Ministério da Saúde disse que o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, mantém contato com os índios para "verificar os pontos de reivindicação", mas afirmou que as nomeações são "atribuição exclusiva do governo federal".


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.