São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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PM e grevistas do Judiciário entram em confronto em SP

Major diz que polícia foi acuada; servidores afirmam que reagiram a spray de pimenta

FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

Servidores do Judiciário paulista em greve e a tropa de choque da Polícia Militar entraram em confronto na tarde de ontem em frente ao Fórum João Mendes, na região central de São Paulo.
O enfrentamento ocorreu quando aproximadamente 500 grevistas, segundo informação da PM, davam os braços para tentar impedir que as pessoas entrassem ou saíssem do fórum por cerca de 30 minutos.
A polícia usou spray de pimenta, bombas de efeito moral e realizou disparos de balas de borracha para dispersar os manifestantes.
"Utilizamos os meios necessários", disse o major Marco Antonio Ragen Torres, responsável pelo policiamento. Segundo ele, a PM foi acuada e atacada com pedras, e tinha a obrigação de zelar pelo livre trânsito dos passantes.
Na versão dos grevistas, o tumulto começou porque policiais jogaram spray de pimenta nos manifestantes que se aproximavam das grades que cercam o fórum.
Segundo o presidente da Assetj (associação dos servidores do Tribunal de Justiça), José Gozze, os ânimos se acirraram quando os servidores começaram a empurrar as grades do prédio.
De acordo com ele, a PM, então, respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha.
Após o confronto, vários manifestantes apresentavam ferimentos por causa dos disparos ou tinham os olhos lacrimejantes pelo efeito do gás. A ação durou cerca de cinco minutos.
"Esse major é completamente despreparado", disse Gozze, indignado.

ASSEMBLEIA
A ação ocorreu depois que os servidores fizeram uma nova assembleia na praça João Mendes, onde eles se reúnem todas as quartas-feiras desde que a greve começou, em 28 de abril.
Antes da assembleia, os grevistas se encontraram com representantes do Tribunal de Justiça de São Paulo, que não fizeram nenhuma nova proposta.
O tribunal diz que não ofertará nenhum novo valor de reajuste salarial enquanto a greve perdurar. Os grevistas pedem 20,16% de reposição imediata.
O TJ propõe 4,77% em projeto de lei a ser enviado para a Assembleia Legislativa, além de 20,16% de reajuste a ser inseridos na proposta orçamentária de 2011.
Os servidores alegam que não têm garantias de que o aumento será efetivamente concedido no ano que vem.
Na semana passada, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) estimou que a greve dos servidores do Judiciário paulista já havia represado 240 mil processos, feito com que 82 mil audiências deixassem de ser realizadas, e impedido que 192 mil sentenças fossem preferidas.


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