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Para mídia, limite a capital estrangeiro é desrespeitado
Representantes do Terra e do "Brasil Econômico" afirmam obedecer a lei
Jornais e TVs dizem que parecer do governo deixa claro que teto de 30% deve ser obedecido também na internet
DE BRASÍLIA
Entidades ligadas à mídia
defenderam, em audiência
na Câmara, que portais de internet devem seguir o princípio constitucional que limita
a 30% o capital estrangeiro
em empresas de comunicação e reserva a brasileiros natos (ou naturalizados há mais
de dez anos) a responsabilidade editorial e de gestão.
Em debate, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a
Abert (Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão) reafirmaram que há
hoje desrespeito à lei.
Em abril, as entidades ingressaram com uma representação na Procuradoria-Geral da República, apontando indícios de que o portal
Terra e o jornal "Brasil Econômico" são controlados,
respectivamente, pela espanhola Telefónica e pelo grupo português Ongoing.
"Há operações de portal
midiático, controlado por capital estrangeiro, em desacordo com a lei", afirmou o
diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. "É importante que tenhamos completa liberdade de expressão e de
troca de informações na internet, mas que se respeite a
Constituição", disse.
O consultor Gustavo Binenboj, da Abert, argumentou que a Constituição é "claríssima" quando aponta que
o limite de capital estrangeiro se aplica a "toda e qualquer empresa jornalística".
Segundo ele, a Abert se baseia esse argumento em um
parecer do Ministério das Comunicações, com data de 6
de maio deste ano.
O documento aponta que
"a norma constitucional [artigo 222 da Constituição] não
limitou seu alcance a determinada categoria das empresas jornalísticas de radiodifusão -seja para as empresas físicas propriamente, seja
para as virtuais, isto é, aquelas que desempenham sua
função por intermédio, por
exemplo, da internet".
O representante do portal
Terra, Floriano Peixoto de
Azevedo Marques Neto, defendeu que o limite de 30%
não é aplicável a portais de
internet e que o Terra não desobedece a lei. "Do ponto de
vista lógico, não faz sentido
equiparar, nos termos da lei,
empresa jornalística a portal
de internet", afirmou.
O representante do jornal
"Brasil Econômico", Celso
Mori, defendeu a empresária
Maria Alexandra Mascarenhas de Vasconcelos, afirmando que ela é detentora de
pouco mais de 70% do jornal.
De acordo com Mori, ela é
brasileira e, embora tenha residência em Lisboa e seja
mulher do controlador português do grupo Ongoing,
viaja ao Rio frequentemente.
Para o deputado Eduardo
Gomes (PMDB-TO), que pediu a realização da audiência
pública, falta fiscalização do
limite de capital estrangeiro
nos meios de comunicação.
O consulto jurídico do Ministério das Comunicações,
Édio Azevedo, afirmou que
cabe à pasta fiscalizar os serviços de radiodifusão, como
está previsto em lei.
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