São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011

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"Minha inclinação é não ir", diz Blairo sobre Transportes

Senador alega que, no cargo, não poderia mais pedir financiamentos oficiais para ampliar seus negócios

Em 2008, empresa de Blairo obteve R$ 66 mi do Fundo de Marinha Mercante para construir 41 barcaças graneleiras

DE BRASÍLIA

Sondado pelo Palácio do Planalto para assumir o Ministério dos Transportes, o senador Blairo Maggi (PR-MT) prometeu pensar no assunto até o começo da semana que vem. Mas adianta: "Minha inclinação é não ir".
Segundo Blairo, sua situação como empresário do ramo de navegação criaria uma situação "quase intransponível": ou o ministério seria colocado na berlinda, ou os seus negócios ficariam prejudicados. "Não vou colocar minha companhia em risco para ser ministro."
Uma das empresas do Grupo André Maggi, controlado pelo senador, é a Hermasa, com sede em Itacoatiara (AM). A empresa tem um porto graneleiro e uma frota de barcaças que transportam soja pelo rio Amazonas até o porto de Itaqui (MA).
Desde 1996 a Hermasa tem empréstimos do chamado Fundo de Marinha Mercante. Trata-se de um fundo que usa dinheiro de royalties de navegação para financiar, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a construção de navios. O Ministério dos Transportes é quem define os projetos prioritários para receber verba do fundo.

CRÉDITOS
Só em 2008, a empresa de Blairo teve R$ 66 milhões em projetos aprovados para construir 41 barcaças graneleiras por meio do fundo.
No período em que Blairo viesse a ocupar o ministério, portanto, a Hermasa não poderia pleitear financiamento para expansão de sua frota por intermédio do fundo.
"Não posso ir para um negócio que dê problema para o governo e para mim no futuro", disse o senador. E completou: "Não vou disputar concurso de miss", disse.
Em reunião com a cúpula do PR, Maggi pediu um tempo para checar a situação de suas empresas, disse o líder do partido na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela.

NEGÓCIOS PENDENTES
"Ele é um bom nome, mas tem muitas coisas pendentes, coisas de suas empresas para resolver. Ele tem cerca de 5.000 funcionários", disse Portela (PR-MG).
O ex-governador e hoje senador tem patrimônio declarado de R$ 152 milhões e controla a Amaggi, uma das maiores exportadoras de soja do mundo, cujo faturamento em 2010 foi de R$ 3,9 bilhões.
Blairo é padrinho político de Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e envolvido nas denúncias. Pagot foi secretário de seu governo em MT e diretor da Hermasa.
Em reunião ontem, Nascimento, que retomou sua cadeira no Senado, informou que pretende se afastar do processo de decisão sobre seu substituto. (CLAUDIO ANGELO, CATIA SEABRA, MARIA CLARA CABRAL E DIMMI AMORA)


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