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"Minha inclinação é não ir", diz Blairo sobre Transportes
Senador alega que, no cargo, não poderia mais pedir financiamentos oficiais para ampliar seus negócios
Em 2008, empresa de Blairo obteve R$ 66 mi do Fundo de Marinha Mercante para construir 41 barcaças graneleiras
DE BRASÍLIA
Sondado pelo Palácio do
Planalto para assumir o Ministério dos Transportes, o
senador Blairo Maggi (PR-MT) prometeu pensar no assunto até o começo da semana que vem. Mas adianta:
"Minha inclinação é não ir".
Segundo Blairo, sua situação como empresário do ramo de navegação criaria uma
situação "quase intransponível": ou o ministério seria colocado na berlinda, ou os
seus negócios ficariam prejudicados. "Não vou colocar
minha companhia em risco
para ser ministro."
Uma das empresas do Grupo André Maggi, controlado
pelo senador, é a Hermasa,
com sede em Itacoatiara
(AM). A empresa tem um porto graneleiro e uma frota de
barcaças que transportam
soja pelo rio Amazonas até o
porto de Itaqui (MA).
Desde 1996 a Hermasa tem
empréstimos do chamado
Fundo de Marinha Mercante.
Trata-se de um fundo que
usa dinheiro de royalties de
navegação para financiar,
via BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), a construção
de navios. O Ministério dos
Transportes é quem define os
projetos prioritários para receber verba do fundo.
CRÉDITOS
Só em 2008, a empresa de
Blairo teve R$ 66 milhões em
projetos aprovados para
construir 41 barcaças graneleiras por meio do fundo.
No período em que Blairo
viesse a ocupar o ministério,
portanto, a Hermasa não poderia pleitear financiamento
para expansão de sua frota
por intermédio do fundo.
"Não posso ir para um negócio que dê problema para o
governo e para mim no futuro", disse o senador. E completou: "Não vou disputar
concurso de miss", disse.
Em reunião com a cúpula
do PR, Maggi pediu um tempo para checar a situação de
suas empresas, disse o líder
do partido na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela.
NEGÓCIOS PENDENTES
"Ele é um bom nome, mas
tem muitas coisas pendentes, coisas de suas empresas
para resolver. Ele tem cerca
de 5.000 funcionários", disse
Portela (PR-MG).
O ex-governador e hoje senador tem patrimônio declarado de R$ 152 milhões e controla a Amaggi, uma das
maiores exportadoras de soja
do mundo, cujo faturamento
em 2010 foi de R$ 3,9 bilhões.
Blairo é padrinho político
de Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e envolvido nas denúncias. Pagot
foi secretário de seu governo
em MT e diretor da Hermasa.
Em reunião ontem, Nascimento, que retomou sua cadeira no Senado, informou
que pretende se afastar do
processo de decisão sobre
seu substituto.
(CLAUDIO ANGELO, CATIA SEABRA, MARIA CLARA CABRAL E DIMMI AMORA)
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