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Deputados usam dinheiro público em suas campanhas
Ao menos cinco gabinetes nos Estados foram utilizados para fim eleitoral
Mesmo durante recesso
parlamentar de julho,
375 dos 513 deputados
gastaram R$ 809 mil
com combustível
SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Deputados de diversos
partidos fizeram uso de verba
pública no primeiro mês de
campanha oficial.
Pelo menos cinco gabinetes nos Estados, custeados
pela Câmara, foram usados
para fim eleitoral. Além disso, 375 dos 513 deputados
(75% deles) gastaram, juntos, R$ 809 mil em combustível rodando suas bases num
período em que o Congresso
estava em recesso e a eleição
corria a todo o vapor.
A Folha identificou escritórios em São Paulo e no Rio
que reembolsaram recurso
público em julho e onde é
possível conseguir material
eleitoral. Oficialmente, a
campanha começou no dia 6
de julho. Em Brasília, o Congresso passou metade do
mês fechado e, na outra metade, teve quorum inexpressivo -foram apenas quatro
dias de votação.
Em São Paulo, José Genoino (PT-SP) lançou na Câmara, em julho, nota fiscal no
valor de R$ 334 para alugar
sofá, cadeiras e mesas. No
seu gabinete na zona oeste
da capital, há pilhas de caixas com panfletos e adesivos.
O petista disse que assumirá
os custos a partir de agora.
Guilherme Campos (DEM-SP) informou à Receita Federal que o CNPJ da campanha,
destinado à movimentação
das despesas eleitorais, tem
o mesmo endereço da sua representação parlamentar.
Procurado, seu advogado
confirmou que se trata do
mesmo imóvel, mas argumentou que representação e
comitê eleitoral funcionam
em salas separadas.
O escritório de Campos
reembolsou R$ 1.738 da Câmara no mês passado para
bancar despesas com aluguel, internet e papelaria.
No Rio, três gabinetes servem de QGs de campanha.
No caso do deputado Arolde
de Oliveira (DEM-RJ), a saudação da telefonista é autoexplicativa: "Arolde de Oliveira 2502, bom dia!", em referência ao número na urna.
O CNPJ para arrecadação
de recursos da campanha
também está registrado no
mesmo endereço do escritório político. No mês anterior,
apresentou notas fiscais para
bancar R$ 3.081 referentes a
aluguel, garagem e TV a cabo. Ele afirmou que, "se houve erro, será estornado".
Alexandre Cardoso (PSB-RJ) estocou e distribuiu santinhos, mas pediu reembolso
de R$ 1.518 pelo condomínio
do prédio. Segundo ele, duas
mulheres contratadas retiravam o material do local antes
de sair para fazer campanha
na rua. O deputado disse que
vai devolver o dinheiro.
A reportagem flagrou folhetos entregues no escritório de Jorge Bittar (PT-RJ). Em
julho, ele entregou recibos
no valor de R$ 3.136 para custear condomínio e garagem.
GASOLINA
Num mês em que só 10%
dos deputados marcaram
presença nas 12 sessões deliberativas em Brasília, a Câmara desembolsou R$ 809
mil em combustível. Os parlamentares justificaram os
gastos com recibos de postos
de gasolina situados nas respectivas bases eleitorais. Um
grupo de 58 dos 513 deputados usou a cota máxima
mensal de R$ 4.500.
Para efeito de comparação, R$ 4.500 em combustível significa capacidade para
circular 20 mil km em um carro popular -com base no
preço médio da gasolina nos
postos de Brasília.
O gabinete de pelo menos
um deputado admitiu que o
uso do combustível está relacionado às eleições. A assessoria de Natan Donadon
(PMDB-RO) disse que ele teve
que "percorrer todo o Estado
em função das eleições".
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