São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Ministro da Agricultura usa funcionários de estatal Afilhados do PMDB contratados pela Conab trabalham para Wagner Rossi Transferência deixa acéfalos postos de chefia de empresa que organiza o mercado de produtos agrícolas JOSÉ ERNESTO CREDENDIO ANDREZA MATAIS NATUZA NERY DE BRASÍLIA Depois de inchar a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, transferiu para seu gabinete funcionários contratados sem concurso e até hoje remunerados pela principal estatal do setor agrícola. Antes de assumir a pasta, Rossi dirigiu a companhia de junho de 2007 a março de 2010. Em sua gestão, ele mais do que quadruplicou o número de cargos de confiança na empresa. Ao sair de lá, levou pelo menos sete funcionários para seu gabinete. Esses servidores continuam recebendo salários da Conab e deixaram acéfalos seus postos na empresa. Entre eles há funcionários que ocupavam cargos de chefia na Conab, como as gerentes de eventos e de acompanhamento de programas. A assessoria de Rossi justificou os empréstimos dizendo que o ministro "trouxe profissionais graduados que trabalharam com ele na Conab para auxiliá-lo", mas não fez comentários sobre o impacto que a transferência teve na atuação da Conab. Responsável pela organização do mercado agrícola e do abastecimento de comida no país, a Conab virou nos últimos anos um cabide de emprego para afilhados políticos e parentes de caciques do PMDB, o partido de Rossi. Como a Folha mostrou ontem, ganharam cargos um filho do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL); a ex-mulher do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); um neto do deputado Mauro Benevides (CE); e um sobrinho do ex-governador Orestes Quércia, peemedebista histórico que morreu no ano passado. Levantamento feito pela Folha mostra que o apetite político por cargos na máquina do ministério foi muito além de postos estratégicos, como diretorias e superintendências. Até mesmo funções do segundo escalão são usadas para abrigar aliados. Servidores de carreira da Conab dizem que nunca viram alguns dos funcionários apontados pela Folha. O fato de muitos estarem a serviço do ministro da Agricultura é um dos motivos. Além disso, alguns apadrinhados atuam fora de Brasília, embora estejam lotados na capital. Um desses casos é o de Adriano Quércia, o sobrinho do ex-governador, que vive em São Paulo. Ele trabalhou com o filho do ministro, o deputado estadual Baleia Rossi, em campanhas eleitorais no passado. Baleia é presidente do PMDB paulista. PMDB e PTB se revezam no controle da Conab desde o governo Lula. O atual presidente é da cota petebista, assim como o procurador-geral da empresa. O PMDB possui três diretorias e o PT, uma. Um desses apadrinhados abriu uma crise política na Conab há duas semanas. Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), deixou a diretoria financeira do órgão dizendo que na estatal "só tem bandido". A crise já derrubou o braço direito de Wagner Rossi, Milton Ortolan. Ele deixou a secretaria-executiva do ministério no fim de semana após reportagem da revista "Veja" afirmar que um lobista despachava no ministério e distribuía propinas com o conhecimento de Ortolan. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Dilma mede risco político de faxina na pasta do PMDB Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |