São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2011

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Prefeito de Teresópolis morre 2 dias após assumir

Morte amplia crise em cidade arrasada por chuvas e deslizamentos em janeiro

Presidente da Câmara substituirá vice, que sofreu infarto depois de tomar lugar de prefeito afastado por desvios

Eduardo Naddar/Agência 'O Globo'
Corpo do prefeito Roberto Pinto (PR) é velado na prefeitura

DAMARIS GIULIANA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM TERESÓPOLIS (RJ)


Ontem, a morte do prefeito Roberto Pinto (PR), menos de dois dias depois de assumir interinamente o cargo, aumentou a turbulência política em Teresópolis, cidade de 164 mil habitantes na região serrana do Rio.
Pinto, médico de 67 anos conhecido como "Robertão", morreu de infarto. Ele havia substituído na última sexta-feira o prefeito Jorge Mário Sedlacek (sem partido), de quem era vice.
Sedlacek foi afastado pela Câmara Municipal sob suspeita de irregularidades. O presidente da Câmara, Arlei de Oliveira (PMDB), 35, assumiu como novo prefeito. Ele convocou uma reunião com os 11 vereadores hoje e decretou luto de três dias.
Sedlacek, eleito em 2008, está sendo investigado sob suspeita de desviar R$ 7 milhões de verbas federais para a reconstrução da cidade depois das enchentes e deslizamentos de janeiro, que deixaram 382 mortos. Ele ainda recorre no Tribunal de Justiça do Rio da decisão judicial que confirmou seu afastamento até que uma comissão de vereadores decida, em até 90 dias, se deve ou não perder de vez o cargo.
"A Câmara continuará o trabalho, e o povo terá uma resposta positiva", disse Arlei de Oliveira ontem, depois de tomar posse.

VELÓRIO
A morte de Pinto, no início da manhã de ontem, causou comoção entre os moradores de Teresópolis, que lotaram o velório, na sede da prefeitura. Houve uma cerimônia maçom e outra católica. O corpo foi aplaudido diversas vezes no trajeto em carro do Corpo de Bombeiros até o cemitério. Pessoas que acompanharam cantavam o hino municipal.
"Não sabemos o que vai acontecer com a cidade. Estamos sem saúde, sem educação e, agora, sem esperança", disse a aposentada Eliza Francisco de Oliveira, 64. O secretário de Cultura empossado por Pinto na sexta, Claret Hannas, disse que ele tinha histórico de doenças e cirurgias, incluindo ponte de safena.
Tanto Hannas quanto Antonio Luiz Laginestra, "irmão maçônico" de Pinto, afirmaram que ele se tratava de um câncer na bexiga havia três anos. "Ele estava debilitado, mas muito lúcido e empolgado em poder mudar o rumo da cidade", disse Ari Boulanger Sussel, 40, médico e também maçom.
Pinto e seu novo secretariado só conseguiram ocupar suas salas na Prefeitura de Teresópolis no fim da tarde de sexta. Ele teve que improvisar uma mesa no saguão para exonerar o antigo secretariado.

Colaborou MARCOS VASCONCELLOS,
de São Paulo


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