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Na TV, Lula contra-ataca e acusa Serra de "partir para a baixaria" contra Dilma
Sem citar quebras de sigilo, presidente diz que oposição age por "preconceito contra a mulher"
Candidato tucano, por sua vez, reduzirá ataque direto ao PT e a Dilma, com medo de rejeição de eleitor a tática agressiva
ANA FLOR
BRENO COSTA
DE SÃO PAULO
O programa de TV de Dilma Rousseff (PT) recorreu ao
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para reagir aos ataques da oposição e de José
Serra, candidato do PSDB,
que responsabilizam a petista pela violação do sigilo de
pessoas ligadas ao PSDB.
Ao recorrer a Lula, o PT espera estancar eventuais reflexos das quebras de sigilo
nas pesquisas de intenção de
votos. A avaliação é que o
presidente tem mais peso para tentar esvaziar as acusações de envolvimento do PT e
da campanha nas violações.
Em um depoimento de
2min15s minutos, Lula chamou Serra de "candidato da
turma do contra" e o acusou
de "partir para os ataques
pessoais e para a baixaria".
Na gravação, o presidente
não cita o nome de Serra (a
quem tratou de "nosso adversário") e não diz que existem investigações em curso
na Receita Federal e na Polícia Federal para apurar as
quebras, já confirmadas.
Também não faz qualquer
reparo à vulnerabilidade do
sistema da Receita, admitida
pelo secretário-geral Otacílio
Cartaxo e pelo ministro da
Fazenda, Guido Mantega.
BLINDAGEM
A fala de Lula segue estratégia definida pela campanha de Dilma de poupar a
candidata do PT e deixar que
o presidente faça ataques diretos à oposição -Serra evita
ataques a Lula, por causa de
sua alta popularidade.
A cúpula dilmista chegou
à conclusão de que havia
uma escalada nos ataques da
oposição na TV, que não poderia ficar sem resposta.
O presidente, principal cabo eleitoral da petista, pediu
"equilíbrio e prudência". Criticou os que "caluniam Dilma, movidos pelo desespero,
pelo preconceito contra a
mulher e contra mim".
"Tentar atingir, com mentiras e calúnias, uma mulher
da qualidade de Dilma Rousseff é praticar um crime contra o Brasil. E, em especial,
contra a mulher brasileira",
afirmou Lula na TV.
As inserções de 30 segundos também mostraram o
contra-ataque de Lula. "O
Brasil já cansou de ver esse
filme, um candidato dispara
nas pesquisas e aí começam
acusações sem provas", diz o
presidente, em uma delas.
A quebra dos sigilos foi
constatada pela própria Receita, que afirmou que os
acessos aos dados dos tucanos foram "imotivados", isto
é, sem amparo legal. Além da
sindicância da corregedoria
do órgão, a PF apura o caso.
No programa da noite, antes da fala de Lula, foi feita
uma exaltação à mulher e
menção aos avanços do papel internacional do Brasil.
Dilma apareceu em fotos
com líderes internacionais.
No rádio, a propaganda da
petista, ontem, foi aberta
com uma provocação: "Começa agora o programa que
não agride ninguém".
A campanha de Serra, por
sua vez, decidiu tirar do candidato a tarefa de atacar diretamente o PT e Dilma, de forma a não expor o tucano à rejeição por atitude agressiva.
Reflexos dessa posição,
admitida pelo presidente do
PSDB, senador Sérgio Guerra
(PE), já foram sentidos ontem
tanto no programa de TV como em entrevista coletiva.
"Eu hoje vou me permitir
não entrar mais nesse assunto [a quebra de sigilo]. Tenho
falado todos os dias, há uma
semana", disse o candidato,
durante visita a uma feira
evangélica, em São Paulo.
Segundo Serra, a partir de
agora caberá a Guerra dar declarações sobre o caso. O senador confirmou que assumirá a função, mas negou
que a estratégia geral do partido tenha mudado.
"Em defesa dos nossos
princípios, seremos sempre
agressivos", afirmou.
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