São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011

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Dilma encerra negociação e antecipa votação do mínimo

Ministro põe fim a debate com sindicatos e diz que votará proposta de R$ 545

Governo fará manobra para pôr o projeto em votação já na semana que vem; embate será primeiro teste de Dilma

BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A DACAR
MARIA CLARA CABRAL
GABRIELA GUERREIRO

DE BRASÍLIA

O governo decidiu encerrar as negociações com as centrais sindicais e tentará votar já na semana que vem o salário mínimo no valor de R$ 545, antecipando o que vem sendo considerado o primeiro teste de fogo da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Representante de Dilma na negociação com as centrais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem em Dacar, no Senegal, onde participa do Fórum Social Mundial, que o Palácio do Planalto considera concluído o debate.
Ele afirmou que o governo manterá a proposta de R$ 545 e não "levará em conta" os protestos. Em troca, admitiu ceder na correção da tabela do Imposto de Renda.
"Na questão do mínimo, nós entendemos que não há mais negociação. Vamos reafirmar os R$ 545", disse.
A decisão ocorre um dia depois de o ex-presidente Lula sair em defesa de Dilma e criticar o "oportunismo" dos sindicatos na negociação pelo reajuste do mínimo.
Também acontece no momento em que o governo discute a necessidade de cortar investimentos para equilibrar suas contas.
"Se tivéssemos folga e uma situação fiscal tranquila, poderíamos ser mais generosos", disse Carvalho.
O ministro afirmou que não haverá ruptura com as centrais, que apoiaram a campanha de Dilma e agora fazem críticas abertas a ela: "Vamos pacientemente voltar a negociar".

MANOBRA
O governo fará uma manobra para tentar votar rapidamente o projeto de lei que define o valor do salário mínimo em R$ 545.
O texto, a ser enviado à Câmara até sexta, vai fixar a política de reajuste do salário até 2014, levando em conta o crescimento do PIB de dois anos anteriores mais a inflação do ano anterior.
A intenção é votar a proposta antes das 23 medidas provisórias, que trancam a pauta da Câmara. Isso só será possível com a inclusão, no texto do projeto de lei, de alguma medida não relacionada com o mínimo.
"Uma alternativa é acrescentar algo que fale sobre dívidas com a União, assunto que não pode ser tratado por medida provisória e, portanto, pode entrar em uma sessão extraordinária [antes de analisar as MPs]", explicou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

ALIADOS
A manobra foi criticada pela oposição, que cogita até ir à Justiça. DEM e PSDB prometem apresentar emenda com valor superior. Os tucanos defendem R$ 600.
Ontem, Vaccarezza disse que dez partidos aliados concordam com os R$ 545, sendo o PDT a única exceção.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) assegura que sua emenda, de R$ 580, tem o apoio inclusive de setores do PMDB e do PT.


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