São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2011

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BC aumenta taxa de juros de novo para deter preços

Banco Central leva taxa básica a 12,25%, no quarto ajuste deste ano

Nota diz que o ritmo de desaceleração da economia é incerto e reitera que ciclo de alta será prolongado


EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Um dia após a queda do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, visto desde o primeiro mandato de Lula como uma espécie de avalista da política econômica do governo, o Banco Central deu continuidade à sua estratégia de combate à inflação. Elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
A decisão foi tomada por unanimidade pela diretoria do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, após dois dias de reuniões. E ficou exatamente dentro do previsto por analistas de mercado. Com a inflação ainda acima da meta oficial do governo, apesar dos primeiros sinais de desaceleração dos preços, esse foi o quarto aumento seguido da taxa básica de juros (Selic), referência para o custo do dinheiro a empresas e consumidores.
Em comunicado, o BC manteve a avaliação de que o ritmo de desaceleração da economia é incerto. Por isso, o aumento de juros "por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada" para combater a inflação.
Agora, a expectativa é que haja pelo menos mais um aumento de 0,25 ponto percentual da taxa, na próxima reunião do Copom, em julho.
O aumento dos juros é parte do trabalho iniciado no final de 2010 para esfriar a economia e controlar a inflação.
Desde o ano passado, o governo tenta esfriar a economia.
Em maio, a inflação teve o terceiro mês seguido de queda, mas o valor acumulado em 12 meses (6,55%) está acima do teto da meta oficial do governo, de 4,5% com dois pontos de tolerância.
Na semana passada, foi divulgado o PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país) do primeiro trimestre, que mostrou desaceleração do consumo. Números do BC e do setor privado confirmam que a economia cresce menos desde abril.
Flávio Serrano, do Banco Espírito Santo Investimento, afirma que apenas na reunião do Copom de agosto haverá dados suficientes para confirmar uma desaceleração mais forte nos preços e na atividade econômica.
Para ele, combustíveis e alimentos devem dar folga ao consumidor, mas ainda haverá pressões dos serviços.
O economista-chefe da consultoria LCA, Bráulio Borges, diz que o BC tem adotado um discurso mais duro desde a última reunião, em abril, quando passou a usar a expressão "suficientemente prolongado" nas notas sobre as altas de juros. Sua leitura é de que o BC fará o possível para controlar a inflação.

Colaborou MARIANA CARNEIRO, de São Paulo


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