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STF abre inquérito contra senador do PSDB
PF investiga se Marconi Perillo recebeu R$ 2 mi de propina em troca de benefícios fiscais a frigoríficos; ele nega
Investigação faz parte da Operação Perseu, que em 2004 resultou na prisão de 12 pessoas
por sonegação fiscal
FILIPE COUTINHO
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Favorito para o governo de
Goiás, o senador Marconi Perillo (PSDB) é investigado no
Supremo Tribunal Federal
pela suspeita de ter recebido
R$ 2 milhões de propina de
frigoríficos quando governou
o Estado (1999 -2006).
Perillo é vice-presidente
do Senado. A investigação
contra o senador é um desdobramento da Operação Perseu, realizada pela Polícia
Federal em 2004, que prendeu 12 pessoas envolvidas
em esquema de sonegação
fiscal de R$ 150 milhões praticada por frigoríficos.
Interceptações telefônicas
realizadas pela PF revelam
conversas entre quatro empresários do ramo que discutiam subornar Perillo, segundo a investigação, para que o
governo modificasse leis estaduais em benefício do setor. Dos 4 grampeados, 2 foram presos pela PF.
"Foi instaurado procedimento noticiando a suposta
prática de corrupção passiva
envolvendo Marconi Perillo,
consubstanciada no recebimento de R$ 2 milhões para
alteração da legislação tributária", diz a Procuradoria-Geral da República no pedido
de abertura de inquérito.
A defesa do senador afirma que ele é inocente.
Nos diálogos interceptados entre agosto e setembro
de 2004, os investigados dizem que o senador concederia, em troca de propina, benefício fiscal de 7% para os
frigoríficos pagarem dívidas
tributárias com o Estado. O
índice foi concedido por uma
lei promulgada três meses
depois das conversas.
Relatório da PF que descreve os grampos revela conversas do empresário Ney Padilha, preso pela PF, com Rodrigo Siqueira, ex-sócio da
empresa Goiás Carnes, sobre
os benefícios fiscais.
Diz o relatório: "Rodrigo
diz que "só precisa fazer essas
coisas aí, aquela parte que é
esquisita". Ney pergunta que
parte. Rodrigo responde: "você conhece político né". Ney
diz "tem que acertar né'", informa a transcrição.
Em outro trecho, a PF relata conversa do empresário
Gustavo Penasso (frigorífico
Centro Oeste) com Mauro
Suaiden em que discutem como "ajudar" Perillo com R$ 2
milhões, que seriam rateados pelas empresas.
Três dias depois, a PF interceptou telefonema em que
Penasso diz que ao menos
um empresário já teria pago a
propina e que Rodrigo também iria pagar.
Por ordem do STF, já foram ouvidas quatro pessoas
no inquérito. O ex-secretário
de Fazenda José Paulo Loureiro disse desconhecer o suborno, mas admitiu que Perillo tratava diretamente com
os empresários do setor.
Presos pela PF na operação Perseu, Ney Padilha e
Mauro Suaiden eram donos
do frigorífico Margen. Antes
da operação, ele era o segundo maior do país.
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