São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Lula age como "biombo" de Dilma, diz Serra; presidente ataca a mídia

Candidata afirma que há "salto mortal" entre vazamentos e sua campanha

Aliados do tucano ainda discutiam ontem tom da resposta à fala de Lula sobre o caso da Receita na propaganda eleitoral

Sérgio Lima/Folhapress
O presidente Lula levanta o braço de Dilma Rousseff durante comício realizado em Betim

DE SÃO PAULO
DA ENVIADA ESPECIAL A CONTAGEM
DE BRASÍLIA

O presidenciável tucano José Serra criticou ontem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa eleitoral de Dilma Rousseff. Ele acusou Dilma de se esconder atrás de um "biombo" porque "não tem condições de falar por si".
Serra cancelou ontem viagem a Corumbá (MS) para gravar uma resposta a Lula. Mas, ainda na noite de ontem, o comando da campanha divergia sobre o tom adequado para o programa.
Enquanto tucanos e o próprio Serra defendiam um depoimento direto, o coordenador de comunicação, Luiz Gonzalez, tinha dúvidas sobre a forma ideal.
Durante o dia, porém, Serra não poupou críticas a Lula. Reagiu, ainda, à confirmação de que seu genro, Alexandre Bourgeois, também teve dados cadastrais acessados no escritório da Receita Federal em Mauá.
"O presidente da República, apesar de presidente de todos os brasileiros, se engaja como porta-voz de uma candidata que, aparentemente, não tem condição de falar por si própria nem de atacar", disse o tucano.
Ele ainda afirmou que a transformação de "vítimas" em "transgressores" é uma estratégia de Dilma e de Lula.
Segundo Serra, Lula está "se prestando" a uma "terceirização" dos ataques para a candidata petista. Para o tucano, o discurso do presidente na TV "não foi uma defesa, mas um ataque".
Serra disse que a revelação de que seu genro teve seus dados acessados "deixa mais do que claro que se trata de um trabalho de quadrilha", que atua, segundo ele, para prejudicar sua candidatura.
Em evento oficial em Contagem (MG), o presidente Lula atacou ontem a imprensa ao falar que o povo, ao elegê-lo, aprendeu a votar sem seguir "pseudo-formadores de opinião pública do país".
Sem mencionar o caso da quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, deu a entender que o noticiário sobre o tema é uma tentativa de politizá-lo e de debilitar a campanha de de Dilma.
Lula afirmou que sua "alegria imensa" foi ver que o povo não teve "medo" e votou nele por "consciência política". O presidente disse que seu maior legado, ao deixar o cargo, terá sido é fazer o povo "acreditar em si mesmo".
"O povo trabalhador desse país, a classe média e os pobres desse país aprenderam a pensar pela sua cabeça, a andar pelas suas pernas, a enxergar pelos seus olhos e a votar pela sua consciência, e não pelos pseudo-formadores de opinião pública desse país, e é por isso que o Brasil tá melhorando."

"SALTO MORTAL"
A própria Dilma voltou a falar do caso da Receita ao dizer que existe um "salto mortal" entre a sua campanha e o vazamento de dados de pessoas ligadas ao PSDB.
Na liderança das pesquisas eleitorais, Dilma disse que não está preocupada com o impacto do episódio nas urnas. Segundo ela, Serra faz "factoides, baixarias e falsidades" contra ela.
"Nessa questão de legalidade, é interessante que tem um salto mortal entre o vazamento da Receita e a minha campanha. O TSE reconheceu ao dizer que não tinha nenhuma evidência, nenhuma prova", afirmou.
A Folha mostrou em junho que papéis que circularam pelo grupo de inteligência da pré-campanha do PT continham dados de transações financeiras que envolvem antigos colaboradores e familiares de Serra.
Dilma disse que não precisa que ninguém fale por ela e defendeu o pronunciamento do presidente Lula em sua propaganda.
Para a candidata, Lula foi à TV para rebater ataques de Serra como líder do PT. "Lula fez uma fala institucional, muito clara, de boa qualidade. Ele não baixou o nível em nenhum momento", disse.
(CATIA SEABRA, BRENO COSTA, ANA FLOR E MÁRCIO FALCÃO)


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