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Lula age como "biombo" de Dilma, diz Serra; presidente ataca a mídia
Candidata afirma que há "salto mortal" entre vazamentos e sua campanha
Aliados do tucano ainda discutiam ontem tom da resposta à fala de Lula sobre o caso da Receita na propaganda eleitoral
Sérgio Lima/Folhapress
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O presidente Lula levanta o braço de Dilma Rousseff durante comício realizado em Betim
DE SÃO PAULO
DA ENVIADA ESPECIAL A CONTAGEM
DE BRASÍLIA
O presidenciável tucano
José Serra criticou ontem a
participação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no
programa eleitoral de Dilma
Rousseff. Ele acusou Dilma
de se esconder atrás de um
"biombo" porque "não tem
condições de falar por si".
Serra cancelou ontem viagem a Corumbá (MS) para
gravar uma resposta a Lula.
Mas, ainda na noite de ontem, o comando da campanha divergia sobre o tom adequado para o programa.
Enquanto tucanos e o próprio Serra defendiam um depoimento direto, o coordenador de comunicação, Luiz
Gonzalez, tinha dúvidas sobre a forma ideal.
Durante o dia, porém, Serra não poupou críticas a Lula. Reagiu, ainda, à confirmação de que seu genro, Alexandre Bourgeois, também
teve dados cadastrais acessados no escritório da Receita
Federal em Mauá.
"O presidente da República, apesar de presidente de
todos os brasileiros, se engaja como porta-voz de uma
candidata que, aparentemente, não tem condição de
falar por si própria nem de
atacar", disse o tucano.
Ele ainda afirmou que a
transformação de "vítimas"
em "transgressores" é uma
estratégia de Dilma e de Lula.
Segundo Serra, Lula está
"se prestando" a uma "terceirização" dos ataques para
a candidata petista. Para o
tucano, o discurso do presidente na TV "não foi uma defesa, mas um ataque".
Serra disse que a revelação
de que seu genro teve seus
dados acessados "deixa mais
do que claro que se trata de
um trabalho de quadrilha",
que atua, segundo ele, para
prejudicar sua candidatura.
Em evento oficial em Contagem (MG), o presidente Lula atacou ontem a imprensa
ao falar que o povo, ao elegê-lo, aprendeu a votar sem seguir "pseudo-formadores de
opinião pública do país".
Sem mencionar o caso da
quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, deu a
entender que o noticiário sobre o tema é uma tentativa de
politizá-lo e de debilitar a
campanha de de Dilma.
Lula afirmou que sua "alegria imensa" foi ver que o povo não teve "medo" e votou
nele por "consciência política". O presidente disse que
seu maior legado, ao deixar o
cargo, terá sido é fazer o povo
"acreditar em si mesmo".
"O povo trabalhador desse
país, a classe média e os pobres desse país aprenderam a
pensar pela sua cabeça, a andar pelas suas pernas, a enxergar pelos seus olhos e a
votar pela sua consciência, e
não pelos pseudo-formadores de opinião pública desse
país, e é por isso que o Brasil
tá melhorando."
"SALTO MORTAL"
A própria Dilma voltou a
falar do caso da Receita ao dizer que existe um "salto mortal" entre a sua campanha e o
vazamento de dados de pessoas ligadas ao PSDB.
Na liderança das pesquisas eleitorais, Dilma disse
que não está preocupada
com o impacto do episódio
nas urnas. Segundo ela, Serra faz "factoides, baixarias e
falsidades" contra ela.
"Nessa questão de legalidade, é interessante que tem
um salto mortal entre o vazamento da Receita e a minha
campanha. O TSE reconheceu ao dizer que não tinha
nenhuma evidência, nenhuma prova", afirmou.
A Folha mostrou em junho que papéis que circularam pelo grupo de inteligência da pré-campanha do PT
continham dados de transações financeiras que envolvem antigos colaboradores e
familiares de Serra.
Dilma disse que não precisa que ninguém fale por ela e
defendeu o pronunciamento
do presidente Lula em sua
propaganda.
Para a candidata, Lula foi
à TV para rebater ataques de
Serra como líder do PT. "Lula
fez uma fala institucional,
muito clara, de boa qualidade. Ele não baixou o nível em
nenhum momento", disse.
(CATIA SEABRA, BRENO COSTA, ANA FLOR E MÁRCIO FALCÃO)
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