São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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PMDB disputa com PT o controle da mineração no país

Ministro Edison Lobão já nomeou um fisioterapeuta indicado por seu partido para chefiar o setor no Rio

Peemedebistas detêm o controle do DNPM em quatro Estados; PT quer chefias de Minas, Bahia, Ceará e Paraíba

DIMMI AMORA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

O crescimento da mineração no país tornou os cargos de superintendente do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), do Ministério de Minas e Energia, alvo de cobiça do PT e PMDB.
O ministro Edison Lobão (PMDB) já nomeou até um fisioterapeuta para cuidar dos recursos minerais no Rio. O PMDB emplacou ainda superintendentes de SP, PA e RN.
O órgão, que gerencia os recursos minerais (de areia a ferro), é controlado pelo PMDB desde abril; antes disso a diretoria-geral era do PT.
No Rio, o órgão passou a ser comandado por Jadiel Pires Gonçalves da Silva. A Folha ouviu políticos com interesse no cargo e eles dizem que há digitais do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na indicação do fisioterapeuta.
Jadiel, que tem registro no Conselho Regional de Fisioterapia, só tem no currículo do setor público atuação na área de saúde: durante anos trabalhou no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, no RJ, onde chegou a ser coordenador de Gestão Hospitalar.
O novo superintendente do Rio também é empresário. Foi sócio de uma churrascaria em Miami (EUA) com outras pessoas, entre eles Arthur Cesar de Menezes, cujas empresas têm cerca de R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo do Rio, a maioria após a chegada de Sérgio Cabral (PMDB).
Na época em que Jadiel era coordenador de Gestão do hospital, as empresas de Arthur tinham contratos com a unidade. Os dois foram investigados pela Polícia Federal por suspeita de irregularidades, que resultaram num inquérito depois arquivado.
O Tribunal de Contas da União também apontou problemas na passagem de Jadiel pelo hospital, cujos gestores entre 2001 e 2005 estão sendo investigados por pagamentos irregulares. Eles foram multados por problemas ocorridos em 2004.
Com o PMDB garantindo indicados em alguns Estados, o PT disputa as superintendências de MG, BA, PB e CE.
"O PMDB da Paraíba tem 7 dos 15 parlamentares da região, nada mais justo do que participar do governo", diz o deputado Hugo Motta (PB).
Na Bahia há briga da ala do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e a do senador Walter Pinheiro (PT) pela troca do atual diretor, que é do PT. "Se vão trocar, não falaram comigo", disse Pinheiro. Com tantas disputas, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) avisou os partidos que se não houver acordo a indicação será de nomes técnicos sem vinculação partidária. É o que pode acontecer em Minas Gerais, onde há disputa entre PV, PMDB e PT.
"Os deputados estão sofrendo mais que passarinho na mão de menino", disse o deputado Genecias Noronha (PMDB-CE), que se queixa do apetite do PT no seu Estado.
O DNPM recolhe o imposto proveniente da mineração, que teve um crescimento de mais de 100% entre 2004 e 2010 devido ao aumento da extração de minério de ferro, areia e brita, entre outros.
Também é o órgão que autoriza pesquisa para mineração. Parte das autorizações de lavra são dadas pelos superintendentes, mas as mais importantes são do ministro de Minas e Energia.



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