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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Deus, valores e defesa da vida marcam volta à TV
Dilma e Serra levam religião aos primeiros programas depois do 1º turno
Propaganda tucana
menciona aborto, e
Lula diz que, como sua
candidata, já foi vítima
de boatos em campanha
DE SÃO PAULO
Como uma onda que ganhou volume entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a nova rodada da propaganda eleitoral no rádio e
na TV foi aberta ontem com
Dilma Rousseff e José Serra
agradecendo a Deus e pregando a defesa da vida, da fé
e dos "valores".
A petista assumiu compromisso com os "nossos valores mais sagrados". O tucano
fez a defesa "dos valores da
família brasileira" e dos "valores cristãos".
O último programa do primeiro turno já prenunciava a
"guerra santa" pelo eleitor
conservador: na ocasião, Dilma se comprometera a respeitar a liberdade religiosa;
Serra mostrou a família e leu
a Bíblia para uma eleitora.
De lá para cá, houve um
acirramento entre correligionários das duas candidaturas, a partir de material apócrifo na internet sobre as convicções de Dilma e da exploração da dubiedade da posição da petista sobre descriminalização do aborto.
Uma pesquisa do Ibope
também detectou que, em setembro, Dilma perdeu votos
e teve um aumento de rejeição entre evangélicos.
A candidata governista
abriu o seu programa da tarde agradecendo a Deus por
ter lhe concedido "uma dupla graça: ter sido a candidata mais votada no primeiro
turno e ter a oportunidade
agora de discutir melhor as
minhas propostas e me tornar ainda mais conhecida".
Serra foi mostrado num
discurso em que diz que irá à
vitória "com Deus, com amor
no peito pelo Brasil, no nosso
coração verde e amarelo".
Até as propostas de governo ganharam embalagem
adequada à nova ordem. O
programa de Dilma informou
que, "para fortalecer a família brasileira", a candidata
irá "construir mais 2 milhões
de moradias, melhorar o sistema de saúde" etc.
Ao anunciar o programa
Mãe Brasileira, de atendimento pré-natal e pós-parto,
a propaganda serrista citou o
"dom da vida".
Dilma apareceu numa foto
com um véu na cabeça ao lado do papa Bento 16, numa
com a filha e noutra com o
neto, como a "mulher mãe",
"a mulher avó" e a "mulher
que respeita a vida".
Em depoimento, Lula disse já ter sido vítima de boataria: "Quando pessoas saíram
do submundo da política
mentindo a meu respeito. Dizendo que eu ia fechar as
igrejas, mudar a cor da bandeira. Ganhei as eleições, e o
que aconteceu? Mais liberdade religiosa, mais respeito à
vida, mais democracia".
O programa de Serra citou
pela primeira vez a palavra
"aborto". Disse o locutor:
"[Serra é] um homem que
nunca se envolveu em escândalos. E que sempre foi coerente. Sempre condenou o
aborto e defendeu a vida".
ALIADOS E FHC
Serra mostrou duas vezes
o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, ambas rapidamente. Na primeira, os
dois aparecem juntos ("no
Ministério do Planejamento,
Serra ajudou no Plano
Real"). Depois, ao exibir uma
galeria de fotos de ex-presidentes, o programa tucano
comparou Dilma a Collor.
"Esse [Collor] foi o último
presidente desconhecido
que o Brasil elegeu. O estrago
foi tão grande que precisou
desse [Itamar] para trazer decência. E desse [FHC] pra
controlar a inflação, modernizar o Brasil e criar programas sociais. Depois veio esse
[Lula] que também tinha história e deu continuidade. Para o Brasil avançar, tem de
ser alguém já testado."
Os dois candidatos levaram ao ar os aliados vitoriosos no primeiro turno -governadores e senadores eleitos ou reeleitos.
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