São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Negócio intermediado por prefeito no RJ tem lucro de R$ 9 mi em 5 dias

Max Lemos (PMDB), de Queimados, diz que valorização dos terrenos na região é muito rápida

Fornecedora da cidade vendeu área a empresa austríaca, que depois foi beneficiada com isenção de imposto

Pedro Carrilho - 29.set.2011/Folhapress
Sede da empresa Jogasus, na Baixada Fluminense, que comprou área por R$ 2,5 milhões e vendeu por R$ 11,7 milhões

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

A venda de terreno para instalação de uma fábrica austríaca em Queimados (RJ) rendeu lucro de R$ 9,2 milhões em apenas cinco dias a uma empresa fornecedora do município da Baixada Fluminense. Neste período, o valor da área passou de R$ 2,5 milhões para R$ 11,7 milhões.
Os contatos para a negociação foram intermediados pelo prefeito da cidade, Max Lemos (PMDB).
A companhia austríaca RHI comprou por R$ 11,7 milhões da empresa Jogasus a área de 980 mil m˛ para instalar fábrica de peças para a indústria siderúrgica, em novembro de 2010.
Cinco dias antes, o mesmo terreno havia sido comprado pela Jogasus -que é uma pequena empresa de construções de Duque de Caxias-por apenas 21% desse valor.
A Folha tomou conhecimento da transação por meio do Folhaleaks, canal criado pelo jornal para receber informações e documentos.
O prefeito afirma que a valorização dos preços dos terrenos na região é muito rápida e que a área vale hoje cinco vezes mais do que o valor pago pela empresa austríaca.
A Jogasus diz que acertou a compra do terreno cinco meses antes, mas só formalizou na véspera de revendê-lo. A RHI diz que o valor pago foi semelhante ao de terrenos vizinhos.

COMPRA E VENDA
A história da triangulação comercial começou em abril de 2010, quando João Ferreira de Jesus, procurador da Jogasus, foi apresentado pelo prefeito -seu conhecido desde a década de 90- a um dos donos do terreno, José Augusto Vereza.
O representante da Jogasus afirmou que tinha interesse em criar um espaço para logística na área. Segundo Ferreira, ele e Vereza acertaram que o terreno seria vendido por R$ 2,5 milhões. Quando a venda seria registrada, no início de junho, Vereza morreu. A família manteve interesse na venda, condicionada à resolução dos entraves de testamento e inventário.
No fim de junho, a austríaca RHI procurou o prefeito Max Lemos pedindo que indicasse um terreno para instalar sua fábrica. O político indicou o mesmo terreno que havia apontado à Jogasus, cuja compra ainda não havia sido formalizada.
Algumas semanas depois, João Ferreira entrou em contato com a empresa austríaca para iniciar as conversas.
As negociações começaram antes de a Jogasus se tornar proprietária do terreno.
As duas partes afirmam, no entanto, que a família Vereza já estava comprometida com a venda e o preço acertado pelo patriarca.
Representantes dos antigos proprietários negam a informação e dizem que desconheciam a participação da RHI na negociação.
A primeira venda, para a Jogasus, foi formalizada em 4 de novembro, por R$ 2,5 milhões. Em 9 de novembro, foi feito o repasse à RHI, por R$ 11,7 milhões.
Em abril de 2011, o terreno foi beneficiado pela ampliação do distrito industrial de Queimados, o que concedeu benefício fiscal à empresa, como isenção de IPTU e redução na alíquota de ICMS.
A empresa Jogasus, com sede em Duque de Caxias, passou a ter contratos com a prefeitura de Queimados a partir da gestão de Lemos.

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