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Congresso quer aumentar o próprio salário e o de Dilma
Congressistas buscam vincular reajustes aos rendimentos do presidente
Deputado defende que salário da presidente eleita suba de R$ 11,4 mil para R$ 26,7 mil, teto do funcionalismo
ANDREZA MATAIS
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Com a volta dos trabalhos
no Congresso, deputados e
senadores já defendem aumentar os próprios salários e,
de quebra, reajustar também
o da presidente eleita.
O "pacote de bondades"
planejado pelos congressistas surge no momento em
que Dilma orientou sua equipe de transição a tentar barrar no Congresso reajustes
para o funcionalismo que impliquem em rombo no Orçamento de 2011.
Eles alegam que os salários do Executivo e do Legislativo estão sem aumento há
cerca de três anos e que a inflação no período foi de
17,8%, mas por ora não falam
em percentuais.
Para diluir o desgaste político que o aumento pode gerar, os congressistas insistem
em mostrar que essa defasagem também ocorre nos salários do Executivo.
Eles defendem a vinculação do reajuste do Legislativo ao de Dilma e dos demais
ministros de Estado.
Como presidente, ela vai
receber menos da metade do
que ganhava quando era ministra do governo Lula, período em que aumentou seus
rendimentos participando de
conselhos de administração
de empresas públicas.
Quando chefiava a Casa
Civil, Dilma participava dos
conselhos da Petrobras e da
BR Distribuidora, o que elevava a remuneração mensal
para R$ 23 mil (valor bruto).
O salário de presidente da
República é hoje de R$
11.420,21, bruto (com os descontos, o valor cai para cerca
de R$ 8 mil).
O valor também é menor
que os R$ 16.512,09 pagos
aos deputados e senadores
que, além do salário, contam
com uma série de benefícios,
como auxílio moradia e cotas
para despesas com passagens aéreas e telefonia.
Na Esplanada, os salários
mais baixos do primeiro escalão são os dos ministros:
R$ 10.748,43 bruto.
Como presidente, Dilma
pode integrar conselhos de
estatais, mas o Ministério do
Planejamento informou que
não há registro na história de
que isso tenha ocorrido.
A Mesa Diretora da Câmara se reúne na próxima semana, quando deve iniciar a discussão sobre o reajuste.
"O valor pago ao presidente é um absurdo. Tinha que
ser igual ao pago aos ministros do STF. Temos que deixar de ser hipócritas e equiparar os valores", disse Nelson Marquezelli (PTB-SP),
quarto-secretário da Câmara.
Os ministros do STF recebem R$ 26.723,13. É o maior
valor que pode ser pago a um
servidor público. Marquezelli defende publicamente que
os deputados e senadores
também ganhem esse teto.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza
(PT-SP), e o vice-presidente
da Casa, Marco Maia (PT-RS),
defendem que o assunto seja
discutido neste ano.
A oposição também concorda em debater o tema. "A
discussão vai acontecer para
o salário do presidente da República também", afirmou
ACM Neto (DEM-BA).
O reajuste dos salários dos
deputados provoca efeito
cascata no Legislativo de todo o país porque a remuneração dos deputados estaduais
e vereadores está vinculada à
dos colegas do Congresso.
Pela Constituição, o deputado estadual pode receber
até 75% do salário do federal.
Os vereadores, entre 20% e
75% dos salários dos deputados estaduais.
Em São Paulo, os vereadores também discutem um aumento de 95% no salário do
prefeito Gilberto Kassab
(DEM), que passaria de R$
12,3 mil para R$ 24,1 mil.
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