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Mercado cobra de Dilma definição de equipe econômica
Notícias desencontradas sobre formação do governo e permanência de Meirelles no BC provocam incerteza
Investidores dizem ter dúvida sobre disposição da presidente eleita para conter a expansão dos gastos públicos
RICARDO BALTHAZAR
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
A indefinição em torno dos
nomes que a presidente eleita Dilma Rousseff escolherá
para formar sua equipe de
governo alimentou especulações de todo tipo no mercado
financeiro nos últimos dias.
Os investidores dizem ter
dúvidas sobre a disposição
de Dilma para conter a expansão dos gastos públicos,
medida que julgam necessária para ajudar o Banco Central a combater a inflação.
Além disso, eles se preocupam com a possibilidade de
que Dilma centralize em seu
gabinete as principais decisões econômicas, o que poderia reduzir a liberdade que
o BC tem para subir os juros
quando achar necessário.
"Um presidente com mais
influência na economia é algo que não vemos há algum
tempo e sem dúvida trará
muita incerteza ao mercado", disse Aloisio Teles, da
corretora japonesa Nomura,
em nota para clientes ontem.
Embora Dilma tenha se
comprometido com políticas
austeras na campanha eleitoral, notícias desencontradas sobre a formação de sua
equipe e o destino do presidente do BC, Henrique Meirelles, agitaram o mercado de
juros futuros, onde os investidores negociam contratos
para se prevenir contra mudanças nas taxas de juros.
As taxas caíram nos contratos com vencimento nos
próximos dois anos e subiram bastante nos contratos
de prazo mais longo, sinal de
que os investidores apostam
numa redução dos juros no
início do novo governo e preveem dificuldades depois.
As taxas de juros dos contratos com vencimento em
2017 saltaram ontem de
11,70% para 11,91%, uma variação expressiva num mercado em que pequenas oscilações fazem enorme diferença. No final do dia, as taxas recuaram para 11,86%.
"Movimentos bruscos como esse só ocorrem quando
há mudança de expectativa",
afirmou o economista-chefe
do Banco Schahin, Silvio
Campos Neto. "Muita gente
pensa que Dilma talvez queira reduzir os juros por decreto, embora não seja assim
que as coisas funcionem."
"ACEITÁVEL"
Os sinais de que Dilma
apoiará a recriação da CPMF,
como ela sugeriu na semana
passada, reforçaram as dúvidas sobre sua disposição para reduzir os gastos do governo, disse Paulo Nepomuceno, da corretora Coinvalores.
"Dilma quer acelerar a
queda de juros e nisso a manutenção de Meirelles não
ajuda", afirmou o economista Newton Rosa, da SulAmérica Investimentos. "Ela precisa dizer se é isso mesmo."
Mas nem todo mundo parece assustado. "Apesar da
variedade de nomes e cargos
possíveis, achamos que o resultado será aceitável para os
mercados, e os indicados dirão as coisas certas na área
fiscal", escreveu Stephen
Graham, analista do banco
de investimentos Goldman
Sachs, em nota para clientes.
Ele prevê que o IBovespa,
principal indicador da valorização das ações no mercado
brasileiro, subirá 7% daqui
até o fim do ano se as escolhas de Dilma forem mesmo
bem recebidas pelos investidores. De janeiro até aqui, as
ações subiram 6% neste ano.
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