São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

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Meirelles diz não ser candidato e defende PSD aliado a Dilma

Apontado como plano B de Kassab, ex-presidente do BC afirma não ter interesse em disputar a eleição paulistana

Executivo diz que só mudou de partido para formular programa e que terá 'simpatia' por candidato de Lula

BERNARDO MELLO FRANCO
DANIELA LIMA

DE SÃO PAULO

RICARDO BALTHAZAR
EDITOR DE PODER

Apontado como possível candidato do prefeito Gilberto Kassab (PSD) em 2012, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirma que não disputará a sucessão paulistana e que só se filiou ao novo partido para formular seu plano econômico.
Na primeira entrevista após mudar de sigla, há um mês, ele também tenta contestar as versões correntes de que cobiçou a vice na chapa presidencial de Dilma Rousseff e, após ser preterido pelo PMDB, ainda se esforçou para tentar continuar à frente do BC.
O presidente do Conselho Público Olímpico só baixou a guarda ao defender que o PSD se integre formalmente à base de apoio ao governo.

 

Em dez anos, o sr. foi do oposicionista PSDB ao governista PMDB e agora está no PSD, que se diz independente. Como explica tantas mudanças?
Henrique Meirelles -
Não sou um político tradicional. Fiz uma opção em 2001 [pelo PSDB] tendo em vista não a militância política, mas colaborar para o Brasil superar um momento de crises. Quando o presidente Lula me convidou para o BC, abandonei a atividade partidária.
A opção pelo PMDB foi regional. É o maior partido de Goiás, e eu tinha em vista uma possível candidatura a senador. Minha entrada [no PSD] não tem objetivo eleitoral. É para colaborar com o programa econômico.

O sr. disse que faria isso no PMDB, mas não se conheceu uma linha de programa. Por que agora seria diferente?
O PSD está em formação. O PMDB é um partido nacional, antigo. É natural que qualquer contribuição nova tenha campo mais limitado.

O PMDB o frustrou ao não indicá-lo a vice de Dilma?
Fiquei muito honrado com a lembrança, mas em nenhum momento considerei a possibilidade de ser candidato a vice. O PMDB já tinha uma candidatura consolidada [de Michel Temer].

O sr. será o candidato do PSD a prefeito de São Paulo?
Que fique muito claro: não tenho projeto eleitoral de ser prefeito. Não serei candidato em 2012.

Então por que mudou de partido no último dia permitido para disputar a eleição?
Atendi a um pedido do prefeito Kassab. Era um momento simbólico, de maior divulgação, quando o PSD estava sendo lançado. Não sou candidato a prefeito.

Qual foi o papel de Lula em sua mudança de partido?
Lula é um grande amigo, temos diálogos com relativa frequência. Suas opiniões sobre o assunto devem ser expressadas por ele. Não sou porta-voz do ex-presidente.

O PSD pode se aliar aos tucanos em São Paulo?
Existem relações pessoais e históricas de Kassab e do vice-governador Afif Domingos com o governo estadual. É normal o diálogo, mas não há nenhuma definição.

Entre um tucano e um petista, como o sr. se posicionaria?
Tendo a apoiar o candidato do partido, principalmente se for próprio. Evidentemente, sempre parto de uma simpatia pelo candidato do presidente Lula. É normal.

O PSD é ou não governista?
Me parece que o partido está claramente alinhado com o governo federal. Não é da base aliada, mas tem uma postura de apoio aos projetos importantes para o país. É um partido que está numa linha favorável a cooperar.

A entrada formal na base é questão de tempo?
Não posso antecipar uma decisão do partido. Eu, pessoalmente, seria favorável.

Neste caso, aceitaria um convite para voltar ao governo?
Minha relação com a presidente Dilma sempre foi muito boa. Uma possível composição ministerial é outra questão. Não tenho planos de exercer cargo público num futuro próximo. Nem eletivo, nem administrativo.

Ficou frustrado por não permanecer à frente do BC?
A experiência no mundo inteiro mostra que dois mandatos é um período adequado. Trabalhei na direção certa e saí na hora certa. Pretendo me dedicar à atividade privada, colaborando com o governo no que for necessário e participando do debate político.

As mudanças na política econômica põem em risco o controle da inflação?
Durante um certo período, o ex-presidente do BC não deve fazer comentários sobre política econômica. Sei que é difícil, às vezes dá tentação de dar palpite, mas a autodisciplina é importante.

O sr. sonha mesmo com a Presidência, como dizem amigos?
Respondi à Folha há alguns anos que a Presidência não é ambição nem desejo, é oportunidade e destino.

Vai manter a frase?
(Risos.) Posso repeti-la.


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