São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE CORTE NO ORÇAMENTO

Medida pode aliviar pressão por juro maior

Governo agora terá que definir programas que serão atingidos e administrar insatisfação de políticos aliados

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O mercado financeiro preferia um corte de R$ 60 bilhões, mas avalia que os R$ 50 bilhões anunciados ontem são de bom tamanho para ajudar o Banco Central no combate à inflação em 2011.
Não tanto para interromper o ajuste na taxa de juros, que o BC já avisou que continuará subindo nos próximos meses, mas o suficiente para evitar a administração de uma dose mais forte no aperto da política monetária.
Isso, claro, se o corte anunciado for realmente executado como prometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Afinal, ontem houve a promessa, sem detalhamento das áreas que serão atingidas pela tesoura da presidente Dilma Rousseff.
Por sinal, para quem negava antes da posse que iria promover um ajuste fiscal, a presidente se adaptou ao pragmatismo do cargo e segue o mesmo caminho de seu criador. O ex-presidente Lula também optou por um primeiro ano de austeridade.
O mesmo Lula que forçou Dilma a seguir seu exemplo por ter aumentado os gastos públicos no fim do segundo mandato e no ano em que fez de Dilma sua sucessora.

ROMARIA
Como Lula, Dilma promete não cortar investimentos previstos para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), cerca de R$ 40 bilhões neste ano. Mas pode se repetir em 2011 o que o governo fez nos anos anteriores. Ninguém mexeu no dinheiro do PAC em 2010, mas o governo executou 68% do orçamento previsto para o programa.
O efeito colateral de preservar o PAC de cortes é que, pelo menos agora, outras áreas terão de dar contribuição maior, ou sacrifício, como Mantega disse ontem.
Nos próximos dias, haverá uma romaria de descontentes no gabinete da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável por definir quanto e onde cada ministério terá de cortar.
A principal choradeira virá do Congresso. Ministérios tocados por políticos aliados devem ser mais atingidos. E o governo promete cortar cerca de 90% das emendas parlamentares, usadas pelos congressistas para distribuir verbas a suas bases eleitorais.
Com certeza a equipe de Dilma deixou uma margem para ajuste nos cortes dessas emendas. Com certeza serão agraciados aqueles parlamentares que votarem com o governo. O primeiro teste de bom comportamento será na votação do salário mínimo.


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