São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Poder de compra do real dobrou em dólar desde 94

Descontada a inflação do período, moeda brasileira nunca esteve tão valorizada

No primeiro trimestre, Brasil recebeu US$ 35,6 bilhões, maior valor no período; oferta leva a novas quedas do dólar

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O real nunca esteve tão valorizado em relação ao dólar. Cálculos da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) com base na taxa real de câmbio (descontada a inflação) mostram que o poder de compra da moeda brasileira praticamente dobrou em relação a julho de 1994, início do Plano Real.
Segundo a Funcex, é como se o dólar estivesse 50% mais barato do que naquela época. Ou seja, o brasileiro pode comprar o dobro do que compraria com os mesmos reais qualquer produto negociado na moeda americana.
Em relação a dezembro de 1998, véspera da liberação do câmbio, o dólar estaria cerca de 40% mais barato.
A chamada taxa real efetiva do dólar é apenas uma das maneiras utilizadas para se calcular a relação entre duas moedas.
Nesse caso, são consideradas as taxas de câmbio e inflação em 13 países e o peso de cada um nas relações comerciais com o Brasil.
O levantamento mostra que o real está em um patamar recorde de valorização frente ao dólar no período analisado-desde 1985.
Entre os motivos para o aumento do poder de compra da moeda brasileira está a forte entrada de dólares no país no primeiro trimestre deste ano.
Com a maior oferta, o preço do dólar caiu.
Foram US$ 35,6 bilhões, maior valor da série iniciada em 1982 pelo Banco Central.

NOVAS MEDIDAS

A entrada de dinheiro cresceu no início da semana, um dia antes do anúncio de novas medidas cambiais.
Outra forma de medir o nível da taxa de câmbio é utilizar a paridade de poder de compra (PPC), que considera o valor de uma cesta de produtos em cada país.
É o caso do índice Big Mac, divulgado pela revista "The Economist", que mensura o preço do sanduíche nos Estados Unidos e no Brasil em dólar e mostra um real sobrevalorizado.
O economista Flávio Samara, da consultoria LCA, utiliza também o PPC calculado pelo FMI.
Nesse caso, a paridade estava perto do valor negociado no mercado no final de 2010 (R$ 1,66). Para dezembro de 2011, a projeção mostra uma taxa de R$ 1,71.
"Dependendo da metodologia, podemos ter uma leitura diferente. Acreditamos que o real está sobrevalorizado. O valor justo hoje seria mais próximo de R$ 1,70 ou R$ 1,75", diz Samara.
Ele calcula ainda que, se consideradas outras variáveis como fluxo cambial, preço de commodities e risco país, o dólar poderia cair para um patamar de R$ 1,50 -o que não acontece com as intervenções do governo.


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