São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2011 |
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Relação com governo piorou na gestão Dilma, diz PMDB Para 55 dos 95 congressistas do partido, interlocução era melhor sob Lula "A interlocução é muito cortada, as coisas não estão fluindo", reclama deputado; a relação piorou após caso Palocci DE BRASÍLIA A maioria dos senadores e deputados do PMDB, principal partido aliado de Dilma Rousseff, afirma que a presidente não é aberta ao diálogo e que isso teria causado uma piora na articulação do governo com aliados. A Folha ouviu na última semana 95 dos 98 congressistas do PMDB sobre a atual situação política. Para 55 deles, a interlocução do Executivo com o Congresso piorou em relação ao governo Lula; para 10, não mudou; e apenas 7 dizem que está melhor. Vinte e três peemedebistas não quiserem opinar. A insatisfação do PMDB é um dos fatores da crise política que culminou com a demissão do ministro Antonio Palocci da Casa Civil e obrigou Dilma a alterar a articulação política com o Congresso (leia texto na pág. A6). DIÁLOGO Dos ouvidos, 46 apontaram a falta de diálogo como o principal ponto de atrito entre o Legislativo e o Planalto. "A interlocução é muito cortada, as coisas não estão fluindo. Falta diálogo, não somos recebidos em audiências, sentimos um certo autoritarismo do Executivo", afirmou o deputado Marcelo Castro (PI). A partilha de cargos (8 votos) e a liberação de verbas (7) também foram apontados como principal problema na relação entre a presidente Dilma e aliados. "[O governo] planta na imprensa o carimbo do PMDB como fisiologista. É um tapa no escuro, não temos como reagir", disse o deputado Edinho Araújo (SP). Já o deputado Alceu Moreira (RS) diz que, na visão do governo, o PT deve ser atendido primeiro. "Os partidos da base [nessa visão] devem ficar com o que sobra, com os farelos do pão." "Tratam o PMDB como se fosse um quintal da sua casa, como se pudessem tratar como extensão de sua própria residência", completou. A cobrança do PMDB sobre o governo se intensificou com a queda de Palocci, após a Folha revelar a multiplicação de seu patrimônio. Palocci acumulava o cargo de chefe da Casa Civil com grande parte da articulação política do governo. Luiz Sérgio, atual ministro de Relações Institucionais, que será substituído, é apontado por aliados como fraco e sem poder de decisão. Um dos casos emblemáticos da tumultuada relação do PMDB com o governo foi a briga de Palocci com o vice-presidente Michel Temer por causa da votação do Código Florestal, na qual o governo foi derrotado. Dilma não gostou de o PMDB se unir à oposição na aprovação de pontos do projeto. Palocci e Temer tiveram uma dura discussão quando o então ministro de Dilma ameaçou, transmitindo recado da presidente, demitir ministros do partido. No levantamento feito pela Folha, os deputados e senadores também citaram a falta de experiência política de Dilma e o fato da presidente estar em início de governo. "O governo Lula era um governo político, ele gostava de fazer política, passava a mão na cabeça de todo mundo. Ele é um animal genuinamente político", afirmou Danilo Forte (CE). A insatisfação vem não só dos comandantes dos partidos, mas também de deputados chamados de "baixo clero", grupo que, apesar de ter pouca influência política, é numeroso. Deputados e senadores do PMDB também ficaram insatisfeitos por não terem sido consultados sobre a saída de Palocci e a escolha de sua substituta, a ex-senadora Gleisi Hoffmann. Dizem que Temer é sempre o último a saber das decisões de Dilma e só foi informado da troca no final da tarde de anteontem, dia em que o ministro caiu. "O PMDB não é só um aliado como faz parte do governo", diz o líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). (MARIA CLARA CABRAL, MÁRCIO FALCÃO, GABRIELA GUERREIRO, FLÁVIA FOREQUE E LARISSA GUIMARÃES) Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Petista é sondada para articulação política Índice | Comunicar Erros |
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