São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011 |
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PARATIANA ANTONIO PRATA @antonioprata Festa literária TRÊS E meia da madrugada de sábado e, numa das várias e concorridas festas que acontecem durante a Flip, começa a tocar "Balancê". Como toda vez que toca "Balancê", seja em Paraty, Roraima ou Santa Rita do Passa Quatro, um trenzinho imediatamente se forma, trazendo consigo a dúvida: deve o cronista, que está aqui pelo jornal e, portanto, a trabalho, abandonar o último lastro de pudor e sair saracoteando pela pista? Enquanto me decido, percebo a mesma dúvida nos olhos de um editor, um romancista, uma jornalista, todos se estudando com a perícia de crianças diante de uma piscina gelada: "Se ele pular, eu pulo". A hesitação é compreensível. Na Flip, vivencia-se intensamente o fenômeno conhecido como Síndrome da Happy Hour: quanto mais relaxado você fica, maior a tensão que surge com possíveis bobagens que possa dizer -ou fazer. Aqui, o "SHH" é ainda pior do que numa festa da firma, pois não se trata de uma só empresa ou mesmo de um ramo, mas de um ecossistema inteiro transplantado para o litoral fluminense: escritores, jornalistas, editores, acadêmicos, professores -todos os chamados "formadores de opinião", que, às 3h30 da manhã, ao som de "Balancê", se entreolham, receosos das opiniões que se formarão no dia seguinte. A caipirinha, sei lá por quê, traz-me à lembrança um trecho de Maquiavel, no qual ele diz que a fortuna, sendo mulher, premia os bravos e ousados. Encorajado pelo álcool e pelo Príncipe, salto a bordo do trem. No sábado de manhã, ouvindo cascos de cavalos ressoarem no fundo do crânio, juro que nunca mais vou meter o pé na jaca numa festa da Flip. Determinação irrevogável, que mal sobreviverá ao crepúsculo. ANTONIO PRATA publicará crônica diária de Paraty ao longo da 9ª Flip. Texto Anterior: "Na guerra, não são os tiroteios que me interessam", diz Sacco Próximo Texto: Contardo Calligaris relembra a juventude Índice | Comunicar Erros |
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