São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Voto em cidades de baixo IDH é a maior vantagem da petista sobre o tucano

VINICIUS TORRES FREIRE
COLUNISTA DA FOLHA

O grosso do eleitorado brasileiro parece que não se ocupou de mudar de opinião nesta primeira semana pós-parto eleitoral.
Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) receberam votos mais ou menos na mesma proporção declarada ao Datafolha pelos eleitores de Marina Silva (PV) na véspera do primeiro turno. Dilma ora bate Serra por 54% a 46% dos votos válidos.
No mais, tanto o Datafolha de hoje como o resultado do primeiro turno indicam que não há grandes novidades em relação às pesquisas da semana passada; grosso modo, a polarização socioeconômica de 2010 é semelhante à de 2006, quando Lula bateu Geraldo Alckmin (PSDB).
Dilma tem mais votos quanto mais baixo o índice de desenvolvimento humano de um município.
No caso de Serra e de Marina, ocorre o inverso. Fenômeno parecido ao de 2006, de Lula versus Alckmin -quando, porém, a polarização era mais acentuada.
Ao menos na estatística, o IDH parece explicar melhor os votos do conjunto dos eleitores de uma cidade do que PIB per capita, a economia ou o tão famoso explicador universal, o Bolsa Família.
A relação mais forte de todas, porém, se verifica entre a votação de Lula-2006 e a de Dilma-2010.
Os dados utilizados foram os do Índice de Desenvolvimento Municipal da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, de 2007, o mais recente dos "IDHs" disponíveis na praça. O índice leva em consideração saúde, educação e emprego e renda.
O contraste aparece também no Datafolha de hoje: Dilma é a preferida entre quem não estudou além do ensino fundamental e entre aqueles com renda familiar inferior a cinco salários mínimos (R$ 1.530).
Serra vence entre os de renda superior a cinco salários e no eleitorado que fez o ensino superior. Petista e tucano estão empatados com exceção do Nordeste, onde Dilma tem dois votos para cada um de Serra.
Serra e Marina tiveram votações mais parecidas em cidades maiores, em capitais e regiões metropolitanas, no Sudeste e entre o eleitorado de renda e instrução maior.
Quanto mais pobre, sem escola e interiorano o eleitorado, maior foi a vantagem de Serra sobre Marina.
Considerada a inclinação do eleitor de "IDH baixo" de votar em Dilma, em tese parece mais difícil para o tucano a tarefa de angariar votos "verdes". Serra terá de fazer caravanas pelos rincões "marineiros". De resto, está difícil de ver um coelho novo saindo da cartola ou da cachola do eleitor.


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