São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Ministro se retrata após bronca de Dilma

Presidente considerou quebra de hierarquia afirmação de Carlos Lupi de que só deixaria o cargo 'abatido a bala'

Após receber recado do Palácio do Planalto, Lupi disse que não teve intenção de desafiar a autoridade presidencial

Pedro França - 19.jul.11/News Free
Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que recebeu reclamação do Planalto por declarações

VALDO CRUZ
ANDRÉIA SADI

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff mandou enquadrar o ministro Carlos Lupi (Trabalho) por causa de declarações que ela considerou como quebra de hierarquia.
O recado presidencial foi transmitido pela ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ontem pela manhã. Lupi assimilou a bronca e prometeu se retratar.
Anteontem, durante reunião com o PDT, Lupi chegou a dizer que duvidava que a presidente Dilma o demitisse e que sairia do governo somente "abatido a bala".
Lupi ouviu da chefe da Casa Civil que ele se excedeu nas declarações, passando a imagem de que seu futuro no governo dependia dele, e não da presidente. Recebeu a recomendação de evitar novas falas polêmicas.
O ministro do Trabalho voltou a ouvir que sua posição no governo por enquanto não está ameaçada, mas que cabe exclusivamente à presidente decidir se ele fica ou não no ministério.
Ontem mesmo o pedetista procurou corrigir o estrago. Ele afirmou que em nenhum momento desejou desafiar a presidente.
Lupi negou ainda que seja "a bola da vez". "Só se for a bola sete, que é a bola que dá a vitória", explicou ele na abertura do encontro sobre estratégia de inclusão produtiva urbana do programa Brasil sem Miséria.
Os próprios pedetistas consideraram a fala exagerada e divulgaram uma nota para minimizar as declarações. "Não foram de ameaça à presidente Dilma Rousseff ou a quem quer que seja, mas sim um desafio aos acusadores anônimos."
Hoje, Lupi vai a comissão da Câmara para prestar esclarecimentos sobre as acusações de que houve irregularidades em seu ministério. A ordem foi do próprio ministro, que combinou a data com os parlamentares.
Ontem, os líderes Acir Gurgacz (Senado) e Giovanni Queiroz (Câmara) enquadraram novamente o deputado Reguffe (PDT) por pedir o afastamento de Lupi até que as investigações fossem concluídas.
Apesar disso, Lupi enfrentou ataques de integrantes antigos da legenda. Ex-deputado estadual pelo PDT e um dos fundadores da legenda, Fernando Bandeira se reuniu com outros colegas para pedir investigação no Trabalho.
"Esse apoio é provisório [da bancada]. Esperamos que Lupi saia do Trabalho e da direção do partido", disse.
Eles encaminharam à PGR (Procuradoria-Geral da República) e à CGU (Controladoria-Geral da União) pedidos de investigação.
"É uma bancada sem identificação com o partido. Foram pegando um monte de gente para fazer número", afirmou o ex-deputado Vivaldo Barbosa (RJ).
De acordo com reportagem da revista "Veja", funcionários e ex-funcionários do ministério cobrariam propina para liberar verbas a ONGs.

Colaborou ANDREZA MATAIS, de Brasília


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