São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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ANÁLISE

Votações importantes dão sobrevida a ministro do PDT

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

É senso comum em Brasília que não prosperará a ameaça de motim do PDT no caso da demissão do ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Com seu poder de atração, o Palácio do Planalto poderá reagrupar os deputados e senadores pedetistas. Promessas fisiológicas no varejo trarão de volta os hoje revoltosos em um ou dois meses.
Esse é o problema para o governo: demoraria um ou dois meses até que a presidente Dilma Rousseff pudesse novamente contar com a maioria dos 26 deputados e cinco senadores do PDT. O ano já teria acabado e o Planalto teria dispersado energia num momento em que deseja votar a emenda constitucional da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Por essa razão o sinal de Dilma Rousseff ontem foi o de tentar contemporizar um pouco mais, apesar de ter ordenado um recuo de Lupi. Brasília fervia com a repercussão das declarações do ministro -ele havia dito que só deixará o cargo "abatido a bala" e também "duvidar" de uma eventual demissão.
A ponderação de Dilma indica uma mudança de tratamento. Por declarações críticas ao governo, Nelson Jobim (ex-Defesa) perdeu a cadeira.
No caso de Lupi, há similaridade no tom beligerante. Ontem, o ministro do Trabalho minimizou suas frases e disse não haver intenção de ameaçar o Planalto nem de se jactar. Mas Jobim fez a mesma coisa e não adiantou.
Tudo considerado, a sobrevida de Lupi depende de um cálculo a ser feito pelo Planalto: o custo de mantê-lo no cargo esperando que o caso esfrie é maior ou menor do que demiti-lo já e sofrer por um mês ou mais até recompor o apoio do PDT no Congresso?
Por enquanto, parece que a ordem é esperar um pouco antes de tomar a decisão. Mas inexiste dúvida sobre uma troca no Ministério do Trabalho na reforma prevista para a virada do ano, mais para fevereiro ou março.
Dilma também sabe que está chegando ao final a fase de faturar só a favor quando algum ministro precisa ser ejetado da cadeira sob suspeitas de corrupção.
Hoje, ela vende a imagem de durona e paladina da moralidade. A partir da reforma ministerial de 2012, haverá uma percepção geral de que Dilma já se livrou da herança lulista. Nessa nova fase, um ministro demitido por causa de um malfeito, como diz a presidente, será também responsabilidade direta dela -e com o respectivo dano para sua popularidade.


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