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Lula sinaliza veto a reajuste a aposentado
Decisão do Congresso sobre aumento de 7,72% foi "irresponsável" e compromete sucessor, afirma presidente
Petista diz que fará "o que tem que ser feito'; prazo para decidir sobre veto à medida termina na próxima terça-feira
BRENO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva deu ontem a
mais clara demonstração até
o momento de que deve vetar
o reajuste de 7,72% a aposentados, conforme texto aprovado no Senado em maio.
Apesar de afirmar que ainda não se decidiu sobre a
concessão do aumento e que
"magistrado não se pronuncia fora dos autos do processo", Lula disse não "brincar
em serviço", chamou a decisão do Congresso de "irresponsável" e afirmou que não
comprometerá seu sucessor.
"Não vou deixar um esqueleto para quem vier depois de mim", disse o presidente, em entrevista a uma
rádio de Aracaju (SE).
Lula afirmou que tomará
uma decisão até, no máximo,
a próxima terça-feira, prazo
legal para um eventual veto.
"Vou fazer aquilo que eu
acho que deve ser feito. Se tiver que dizer não, vou dizer
não. E vou à televisão explicar por que vou dizer não, e
vou dizer por que foi irresponsável alguém votar uma
coisa comprometendo o próximo governo."
Lula deu as declarações
após afirmar, na mesma entrevista, que o Congresso
"contribuiu muito" para seu
governo, mas que, "quando
há exagero", ele veta.
Sem se referir diretamente
ao reajuste, Lula afirmou
que, em ano eleitoral, "deputados e senadores ficam muito mais sensíveis a pressões
de prefeitos, de sindicatos,
da sociedade".
Em seguida, o presidente
refutou a tese de que a aprovação de benefícios resulte
em dividendos eleitorais.
A equipe econômica do
governo trabalhava com a
conta de que o reajuste não
poderia passar de 6,14%,
conforme medida provisória
encaminhada pelo próprio
Executivo ao Congresso.
O índice, contudo, foi alterado e acabou sendo aprovado no Senado, sem, portanto,
ter de voltar à Câmara. Caso
retornasse, a MP poderia caducar e, com isso, o governo
não precisaria passar pelo
constrangimento de vetar o
reajuste nas aposentadorias
e pensões em ano eleitoral.
IMPRENSA
Durante discurso para cerca de 400 moradores de um
conjunto habitacional em
Aracaju, Lula voltou a criticar a cobertura da imprensa
em relação a seu governo e
disse que o Brasil "não é o
chamado país do formador
de opinião pública".
Diante da plateia, ele defendeu números e realizações do governo federal.
"É este país que não aparece na imprensa. É este país
que não aparece na televisão, é este país que muita
gente tenta esconder. E aí
quando faz pesquisa, que o
Lula tem 86% [de aprovação], é este país que está dando essa popularidade ao nosso governo", disse.
Para Lula, "o povo não
quer mais intermediário".
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