São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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Lula cria "agenda positiva" e se casa a discurso de Dilma

Mantega compara dados com a era FHC, e Márcia Lopes fala do Bolsa Família

Governo também colocou dois ministros e um diretor do Inpe para divulgar dados sobre a diminuição no desmate


DE BRASÍLIA

O governo federal está produzindo uma sequência de "agendas positivas" que se enquadra no discurso de Dilma Rousseff (PT) e é usada por ela em sua campanha.
Ontem os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Márcia Lopes (Desenvolvimento Social) evidenciaram a estratégia. O primeiro divulgou panorama da economia que contrasta a atual gestão com a do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Já Lopes apresentou estudo sobre a "melhora significativa" na vida das famílias assistidas pelo Bolsa Família.
Mantega participou da divulgação dos dados pela primeira vez e repetiu diversas vezes que os números são os melhores dos últimos anos.
Logo no primeiro slide de apresentação foi feita a comparação do crescimento médio do PIB no segundo governo FHC (1,7%), no governo Lula até 2009 (3,6%) e o projetado de 2010 a 2014, de 5,7%. Outro slide diz que, após décadas de estagnação, o PIB per capita volta a crescer, frase bastante repetida por Dilma na campanha.
Ontem a divulgação foi estampada no site do PT e na página oficial de campanha de Dilma sob o título "crescimento econômico dobrou durante o governo Lula".
Na divulgação do Ministério do Desenvolvimento Social, apresentou-se estudo comparativo entre 11 mil famílias com condições socioeconômicas parecidas. Segundo o levantamento, o grupo que recebe Bolsa Família apresentou maiores taxas de matrícula escolar (4,4 pontos percentuais) e de vacinação (15 pontos). O estudo anterior era de 2005.
Na quinta, antes e durante o primeiro debate televisivo da campanha, Dilma se utilizou amplamente dos dados divulgados horas antes pelo Ministério do Trabalho relativos à criação de 1,766 milhão de empregos formais no país, em 2009. A divulgação desses dados normalmente só ocorre a partir de setembro.
Ainda sobre o debate, a acusação de Serra de que o governo discrimina as Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) levou o Ministério da Educação a publicar em seu site, no dia seguinte, uma nota apontando repasse de R$ 293 milhões neste ano às instituições.
O governo também colocou anteontem dois ministros e um diretor do Inpe para divulgar dados preliminares sobre queda recorde no desmatamento na Amazônia, ação inusual para esse tipo de dado, que geralmente é postados no site do Inpe.
As "ações casadas" entre Planalto e campanha começaram em abril, quando Dilma iniciou sua pré-campanha. Na ocasião, ela passou a defender uma mobilização contra o crack, medida que efetivamente se transformou em programa oficial de governo 40 dias depois. (RANIER BRAGON, JULIANNA SOFIA, MÁRIO SÉRGIO LIMA, LARISSA GUIMARÃES e MÁRCIO FALCÃO)


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