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Casal tentava legalizar quebras, diz polícia
Funcionária de Mauá e marido procuravam contribuintes para "esquentar" possíveis violações
Servidora afirma que
buscou assinaturas em
documentos para acesso
sob orientação da
corregedoria da Receita
MARIO CESAR CARVALHO
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil de São Paulo encontrou indícios de que
a servidora da agência da Receita Federal em que o sigilo
fiscal de tucanos foi quebrado estava tentando legalizar
a situação de outros casos de
aparente violação.
Ana Maria Cano, funcionária da Receita em Mauá, na
Grande São Paulo, está sob
investigação sob suspeita de
ter acessado a declaração de
renda de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB.
Foi no escritório de Mauá
que cinco pessoas ligadas ao
candidato tucano à Presidência, José Serra, tiveram seu sigilo fiscal violado.
O marido da servidora da
Receita, José Carlos Cano Larios, tem um escritório de
contabilidade em Mauá, onde a polícia achou anteontem 23 procurações para
acesso a dados fiscais.
O delegado Marcos Carneiro, do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São
Paulo, diz acreditar que esses
documentos não haviam sido autorizados pelos titulares dos CPFs, o que pode caracterizar o crime de quebra
de sigilo fiscal.
A polícia chegou ao lote de
procurações porque um aposentado de Mauá, Edson Pedro dos Santos, foi à 1ª delegacia daquela cidade relatar
que o contador o procurara
para que assinasse uma procuração para acesso a seu
Imposto de Renda.
Santos contou à polícia
que achou estranho o pedido
porque não tinha nenhuma
pendência com a Receita.
ACUSAÇÃO À RECEITA
A Polícia Civil levou então
o contador e a funcionária da
Receita à delegacia de Santo
André, que investiga a falsificação da procuração que foi
usada para violar o sigilo fiscal de Veronica Serra, filha
de Serra (PSDB). O casal não
chegou a ser preso. Foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos.
Lá, Ana Maria disse que
seu marido procurava as pessoas para assinar a procuração por orientação da corregedoria da Receita Federal.
A versão dela ressalta que
havia uma operação da Receita para abafar as ilegalidades cometidas em Mauá.
A corregedoria diz que a
acusação é uma tentativa de
desqualificar a investigação
do órgão sobre Ana Maria.
A Polícia Civil afirma que
vai encaminhar as informações colhidas com o contador
e com a servidora da Receita
para a Polícia Federal, já que
o suposto crime praticado é
de competência federal
-violação de sigilo fiscal.
No último dia 1º, a Folha
revelou que o escritório de
contabilidade onde foram
achadas as procurações usava a servidora da Receita para agilizar processos.
A reportagem localizou
ontem um empresário que teve uma procuração em seu
nome apreendida no escritório de contabilidade.
Leone Mariano, que vive
em Ribeirão Pires, cidade vizinha a Mauá, diz que nunca
teve contato com o contador
onde está a procuração em
seu nome. "Esse contador está desesperado para falar comigo há uma semana."
Mariano diz que seu contador pode ter pedido um favor
à servidora da Receita sem
ter feito a devida procuração
-daí a insistência do marido.
Colaboraram LEONARDO SOUZA e
FERNANDA ODILLA, de Brasília
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