São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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Dilma dá espaço para Temer no núcleo central do governo

Presidente e vice se aproximam depois de crise em ministério do PMDB

Durante a campanha e no começo da gestão da petista, Temer foi alijado das decisões por resistência de Dilma

Sergio Lima - 16.ago.11 /Folhapress
A presidente e o vice, em evento em Brasília

ANA FLOR

DE BRASÍLIA

Um Michel Temer mais sorridente do que de costume sentou-se ao lado da presidente Dilma na posse do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura), no fim de agosto. Chegou a trocar comentários ao pé do ouvido de Dilma.
Na cerimônia, se despedia de um aliado, Wagner Rossi, e empossava outro.
Apesar da turbulência no Ministério da Agricultura, galgava mais um passo rumo ao difícil núcleo de decisão do governo Dilma.
De lá para cá, Temer só conquistou pontos com a presidente. Presente nas principais reuniões do Planalto, conseguiu ser ouvido por uma chefe com fama de ser refratária às contrariedades.
Segundo assessores da presidente, coube a Temer insistir para que o governo cedesse na votação da emenda 29 (que eleva gastos com saúde) e segurar, no Congresso, propostas difíceis para os cofres do governo, como a PEC 300, que cria um piso salarial nacional para policiais.
Desde antes da campanha presidencial, em 2010, Dilma tinha dificuldades em confiar em Temer, que, na eleição de 2002, junto com o PMDB, apoiou o adversário José Serra (PSDB) contra Lula.
Da montagem da chapa aos primeiros seis meses de governo, Dilma já havia aceitado incluir Temer na coordenação, primeiro da campanha e depois da transição.
Nas duas vezes, o fez para atender à queixa dos peemedebistas. Mas, na prática, o vice continuou alijado das principais decisões.

MAIS ESPAÇO
Com Antonio Palocci ao seu lado, a presidente pôde prescindir do aliado. Segundo um líder do PT lulista, a saída de Palocci da Casa Civil, em junho, abriu as portas para que o vice pudesse buscar espaço.
Outro fator decisivo para a melhora na relação foi a intervenção de Lula. Em meio à crise na Agricultura, Dilma ouviu Lula repetir que a única pessoa que ela podia estar certa de que terminaria o governo ao seu lado era Temer.
Em deferência ao vice e ao PMDB, Dilma recebeu o ministro demissionário em seu gabinete e pediu para que Wagner Rossi reconsiderasse. Com a negativa, foi além. Garantiu que a pasta continuaria com o PMDB e pediu a Temer que escolhesse o próximo ministro.
O vice, por sua vez, aproveitou a oportunidade para dar uma prova de lealdade. Bateu de frente com a liderança de seu partido na Câmara, que insistia no nome do ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e bancou Mendes Ribeiro Filho, nome que mais agradava à presidente.
Ato contínuo, ofereceu um jantar para Dilma em sua residência oficial, o Palácio do Jaburu, com ministros e as bancadas peemedebistas. Também acalmou rebeldes de seu partido, que queriam mais espaço em cargos.
Nos últimos dias, enquanto Dilma despachava no Planalto alheia à semana entrecortada pelo feriado, o vice aproveitou para descansar. Segundo assessores, como não fazia desde antes da campanha presidencial.


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