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Caso Erenice mudou mais votos que temas religiosos
Escândalos pesaram 3 vezes mais entre eleitores de Dilma que mudaram de ideia
Segundo Datafolha, só 25% dos que iriam votar na petista mas alteraram a escolha o fizeram por questões religiosas
FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO
Os fatos que levaram à
queda da ex-ministra Erenice
Guerra da Casa Civil e a quebra de sigilo de tucanos tiveram peso quase três vezes
maior na perda de votos de
Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno do que questões
relacionadas à religião.
Segundo pesquisa Datafolha realizada na última sexta,
cerca de 6% dos eleitores
mudaram seu voto, considerando tanto Dilma quanto José Serra (PSDB), por conta
dos casos que marcaram a reta final do primeiro turno.
Desse total, Dilma perdeu
cerca de quatro pontos percentuais entre o total de eleitores. Aproximadamente
75% das perdas ocorreram
por conta dos escândalos recentes no governo.
O restante, por questões
relacionadas à religião- não
exclusivamente envolvendo
a posição da candidata sobre
o aborto.
Já Serra perdeu dois pontos percentuais. Tanto pelo
caso de quebra de sigilo de
tucanos quanto pelo caso
Erenice.
Os dois casos podem ter levantado suspeitas sobre irregularidades fiscais dos citados ou envolvimento de tucanos nas denúncias, por
exemplo.
A perda de eleitores de Dilma, que conquistou 47% dos
votos válidos no primeiro
turno, foi de aproximadamente 4 milhões de eleitores.
A de Serra, que teve 33% dos
votos válidos, de 2 milhões.
Como a margem de erro do
levantamento (feito com base em 3.265 entrevistas em todo o país) é de dois pontos
percentuais, para mais ou
para menos, o total de votos
perdidos pode ter sido maior
ou menor na mesma proporção da margem de erro.
O percentual de eleitores
no país que tomou conhecimento dos casos Erenice
Guerra e da quebra de sigilo
de tucanos é expressivamente maior do que o do total que
recebeu alguma orientação
de sua igreja para que deixasse de votar em determinado
candidato.
Os resultados da pesquisa,
portanto, não confirmam a
tese de que foi o voto relacionado a questões religiosas
que levou a eleição presidencial ao segundo turno.
Tomaram conhecimento
do caso Erenice 48% dos eleitores. No caso da quebra de
sigilos, foram 56%.
Já o total que recebeu alguma orientação na igreja que
frequenta para que deixasse
de voltar em algum candidato a presidente atingiu 3%.
Os dois casos que mais pesaram na mudança de votos
dos eleitores na reta final do
primeiro turno tiveram influência direta de reportagens publicadas pela Folha.
O primeiro (quebra de sigilo) foi revelado pelo jornal
em junho, muito antes do primeiro turno.
Em relação à queda de Erenice, o caso foi levantado inicialmente pela revista "Veja". Mas foi uma reportagem
da Folha que levou à queda
da ex-ministra no dia 16 de
setembro, a duas semanas do
primeiro turno.
As denúncias de tráfico de
influência na Casa Civil foram determinantes para mudanças de voto principalmente entre os eleitores mais
escolarizados e de maior renda, mostra o Datafolha.
Entre os que votaram em
Marina (que teve 19% dos votos válidos), 7% dizem ter
deixado de votar em Dilma
por conta do caso Erenice.
Chega a 1% do total do
eleitorado o percentual dos
que dizem ter deixado de votar em Dilma Rousseff para
votar em Marina por causa da
queda de Erenice Guerra.
A taxa dos que fizeram o
mesmo por recomendação
da igreja não alcança 1% do
eleitorado.
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