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Dilma culpa Serra por debate conservador
Ao falar sobre aborto, petista diz que campanha do adversário quer lhe pregar imagem "ridícula" no século 21
Candidata diz não ter interesse em "virar conservadora" e afirma que não fará "virada à direita" para se eleger
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, responsabilizou ontem seu opositor, José Serra (PSDB), pelo
tom conservador da agenda
no segundo turno, com discussões sobre o aborto.
Na tentativa de fugir do tema religioso, que vem dominando o segundo turno da
campanha, Dilma visitou na
manhã de domingo a Bienal,
em São Paulo -no sábado,
porém, visitou um centro que
atende adolescentes grávidas na cidade.
Apesar de fazer propostas
na área cultural, acabou voltando ao tema do aborto e
aos boatos de que teria dito
que "nem Jesus Cristo" tiraria a vitória dela nas eleições.
"Não tenho o menor interesse em virar conservadora.
Eu não faço virada à direita
para poder me eleger", disse.
Questionada sobre se Serra está levando as discussões
para um campo conservador,
Dilma disse que o debate não
só é "conservador como beira todas as manifestações absurdas da Guerra Fria".
Segundo ela, a oposição
tenta "pregar" no adversário
"uma imagem que é ridícula
no século 21".
Dilma voltou a falar ontem
sobre boatos referentes a
suas posições religiosas. A
candidata petista vem afirmando que é contrária ao
aborto e "a favor da vida".
Antes, porém, afirmou em
pelo menos duas entrevistas
ser favorável à descriminalização da prática -em sabatina à Folha, em 2007, e em
entrevista em 2009 à revista
"Marie Claire".
"Aquela acusação da
Guerra Fria, dos anos 50, de
quando você queria acusar
uma pessoa, você falava que
ela comia criancinhas, eu jamais esperei escutar uma coisa dessas. E escutei", disse,
sem dizer de quem partiu tal
acusação (à noite, em debate
na Bandeirantes, apontou a
mulher de Serra, Monica, como autora da acusação).
Sobre a pesquisa Datafolha divulgada ontem, Dilma
afirmou que não comentará
porque o resultado é um retrato do momento.
O levantamento mostra
que petista tem 48% dos votos totais contra 41% de José
Serra (PSDB). A diferença entre eles é de sete pontos percentuais. A margem de erro é
de dois pontos percentuais,
para mais ou para menos.
Quando se consideram os
votos válidos (excluindo-se
brancos e nulos), Dilma tem
54%, e Serra fica com 46%.
Ao falar de cultura, Dilma
citou três propostas que, se
eleita, pretende implementar: instalar, em cada município do Brasil, uma biblioteca,
uma sala de cinema e pelo
menos um ponto de cultura.
Perguntada sobre as obras
de Gil Vicente, que estão na
Bienal e mostram o autor assassinando políticos como
FHC e Lula, a petista defendeu "tolerância".
"As pessoas têm o direito de se manifestar livremente, e a cultura não pode ser objeto de censura",
disse ela, que estava acompanhada do ministro da
Cultura, Juca Ferreira.
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