São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Dilma culpa Serra por debate conservador

Ao falar sobre aborto, petista diz que campanha do adversário quer lhe pregar imagem "ridícula" no século 21

Candidata diz não ter interesse em "virar conservadora" e afirma que não fará "virada à direita" para se eleger

ANA FLOR
DE SÃO PAULO

A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, responsabilizou ontem seu opositor, José Serra (PSDB), pelo tom conservador da agenda no segundo turno, com discussões sobre o aborto.
Na tentativa de fugir do tema religioso, que vem dominando o segundo turno da campanha, Dilma visitou na manhã de domingo a Bienal, em São Paulo -no sábado, porém, visitou um centro que atende adolescentes grávidas na cidade.
Apesar de fazer propostas na área cultural, acabou voltando ao tema do aborto e aos boatos de que teria dito que "nem Jesus Cristo" tiraria a vitória dela nas eleições.
"Não tenho o menor interesse em virar conservadora. Eu não faço virada à direita para poder me eleger", disse.
Questionada sobre se Serra está levando as discussões para um campo conservador, Dilma disse que o debate não só é "conservador como beira todas as manifestações absurdas da Guerra Fria".
Segundo ela, a oposição tenta "pregar" no adversário "uma imagem que é ridícula no século 21".
Dilma voltou a falar ontem sobre boatos referentes a suas posições religiosas. A candidata petista vem afirmando que é contrária ao aborto e "a favor da vida".
Antes, porém, afirmou em pelo menos duas entrevistas ser favorável à descriminalização da prática -em sabatina à Folha, em 2007, e em entrevista em 2009 à revista "Marie Claire".
"Aquela acusação da Guerra Fria, dos anos 50, de quando você queria acusar uma pessoa, você falava que ela comia criancinhas, eu jamais esperei escutar uma coisa dessas. E escutei", disse, sem dizer de quem partiu tal acusação (à noite, em debate na Bandeirantes, apontou a mulher de Serra, Monica, como autora da acusação).
Sobre a pesquisa Datafolha divulgada ontem, Dilma afirmou que não comentará porque o resultado é um retrato do momento.
O levantamento mostra que petista tem 48% dos votos totais contra 41% de José Serra (PSDB). A diferença entre eles é de sete pontos percentuais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Quando se consideram os votos válidos (excluindo-se brancos e nulos), Dilma tem 54%, e Serra fica com 46%.
Ao falar de cultura, Dilma citou três propostas que, se eleita, pretende implementar: instalar, em cada município do Brasil, uma biblioteca, uma sala de cinema e pelo menos um ponto de cultura.
Perguntada sobre as obras de Gil Vicente, que estão na Bienal e mostram o autor assassinando políticos como FHC e Lula, a petista defendeu "tolerância".
"As pessoas têm o direito de se manifestar livremente, e a cultura não pode ser objeto de censura", disse ela, que estava acompanhada do ministro da Cultura, Juca Ferreira.


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