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Candidatos divergem sobre ensino técnico
Dilma defende profissionalização integrada ao ensino médio regular; Serra propõe curso puramente técnico
Adversários querem expandir área; cada modelo tem prós e contras, de acordo
com especialistas
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
Tanto Dilma Rousseff (PT)
quanto José Serra (PSDB) defendem a multiplicação do
ensino profissionalizante.
Ela promete abrir escolas
técnicas nas cidades com
mais de 50 mil habitantes. E
ele, criar 1 milhão de vagas.
É a etapa da educação voltada para quem quer se especializar numa área -eletrônica, mecânica, informática,
enfermagem etc.- sem cursar uma faculdade.
Embora pareçam concordar plenamente nesse ponto,
Dilma e Serra em nenhum
momento avisaram ao eleitor
que suas concepções de ensino técnico são bem diferentes, quase opostas.
Ela propõe que a escola tenha cursos técnicos misturados com o ensino médio (antigo 2º grau). O aluno faz um
só curso e tem dois diplomas.
Ele defende que a escola
tenha exclusivamente cursos
técnicos. Para entrar, o aluno
deve já ter concluído ou ao
menos estar cursando (em
outra escola) o ensino médio.
Dilma se espelha nas escolas técnicas federais. Serra,
nas estaduais de São Paulo.
Especialistas em educação
encontram vantagens e desvantagens em cada modelo.
A escola de Dilma, como
ponto forte, ajuda a reduzir
os elevados índices de abandono do ensino médio. As
disciplinas práticas profissionalizantes -ao contrário
das teóricas do ensino médio- conseguem manter os
alunos motivados.
"Não é um mero treinamento de habilidades. O aluno aprende [no médio] as bases científicas e epistemológicas do conhecimento [técnico]. Não é só fazer; é pensar. É uma formação mais
completa", diz Remi Castioni, professor da Faculdade
de Educação da UnB.
Por outro lado, a escola
técnica do PT tem mais dificuldade para atualizar seus
currículos. Qualquer mudança exige adaptações também
na grade do ensino médio.
"E o ensino técnico, como
segue o mercado de trabalho,
requer atualizações constantes", diz Nacim Chieco, ex-presidente do Conselho Estadual de Educação de SP.
O modelo de Serra é mais
barato. Uma vez que não há
ensino médio e os cursos são
rápidos (um ano e meio, ante
os quatro anos do ensino integrado), é preciso ter menos
professores e salas de aula. A
expansão é mais fácil.
Entretanto, a falta do ensino médio integrado obriga os
jovens que não têm diploma
médio a fazer dupla jornada:
no colégio de manhã e na escola técnica à tarde.
"O modelo de SP tem preocupação excessiva com reduzir custos. A formação do estudante é aligeirada. Os professores não conseguem desenvolver bem seus programas", diz Maria Sylvia Bueno, professora da Unesp e organizadora de um livro sobre
as escolas técnicas de SP.
De qualquer forma, como
exceção, a escola de Serra
tem uma pequena parte das
vagas no modelo petista. E a
escola de Dilma, algumas vagas no modelo tucano.
Para Francisco Cordão,
um dos presidentes do Conselho Nacional de Educação,
os candidatos erram ao focar
um só modelo: "São complementares e têm de conviver".
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