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Bancadas verde e ruralista travarão duelo
Com lideranças renovadas, representantes dos dois grupos se dividirão na discussão do novo Código Florestal
Entre os defensores do Meio Ambiente, a maior baixa é Marina Silva, que deixa a legislatura no final deste ano
NANCY DUTRA
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
As bancadas ruralista e
ambientalista do Congresso
saíram das urnas com novas
lideranças para defender
seus interesses.
Um dos primeiros temas a
dividir os parlamentares será
a discussão do novo Código
Florestal, aprovado em setembro em comissão da Câmara. O texto está pronto para entrar na pauta do plenário, mas ainda não há acordo
sobre a data de votação.
"Produtor não pode pagar
a conta pelos problemas ambientais", defende Jerônimo
Goergen (PP-RS), coordenador da frente para o agronegócio na Assembleia Legislativa gaúcha e reforça da bancada ruralista, que deverá ter
em 90 parlamentares.
Outros ruralistas eleitos
são o empresário do setor de
máquinas agrícolas Nelson
Padovani (PSC-PR) e o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PMDB-PR), além do líder arrozeiro
Paulo Cesar Quartiero
(DEM), porta-voz dos agricultores de Roraima contra a demarcação da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol.
A "onda verde" da eleição
presidencial não se refletiu
no novo Congresso. O partido da candidata derrotada
Marina Silva manteve o mesmo número de deputados
(15). Mas o próprio líder do
PV na Câmara, Sarney Filho,
hesita em chamá-los todos
de ambientalistas. "Não conheço a origem de todos eles
ainda", afirmou.
SEM MANDATO
Os ambientalistas, no entanto, sofreram algumas baixas importantes, como Edson Duarte (PV-BA) e Fernando Gabeira (PV-RJ). Esse
será substituído por um nome de peso: Alfredo Sirkis
(RJ), coordenador da campanha de Marina Silva. Também foi eleito o presidente do
PV, José Luiz Penna (SP).
Do lado ruralista, o catarinense Valdir Colatto (PMDB),
crítico da legislação ambiental, não obteve a reeleição.
Também ficaram sem
mandato Germano Bonow
(DEM-RS), Anselmo de Jesus
(PR-RO) e Gervásio Silva
(PSDB-SC), além de Ernandes Amorim (PTB-RO), barrado pela Ficha Limpa.
"Sem Colatto, o governo
pode ter uma posição mais liberal sobre o Código Florestal, mais próxima do Meio
Ambiente", diz o deputado
Ivan Valente (PSOL-SP).
Reeleito com uma votação
230% maior do que em 2006,
Valente atribui parte de sua
popularidade à defesa que
fez na comissão do Código
Florestal contra o relatório
apresentado pelo deputado
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
O comunista, por sua vez,
foi reeleito com 37 mil votos a
menos. Valente diz que a nova lei florestal, que agradou
aos ruralistas, afastou eleitores de Rebelo. O relator nega.
"Perdi votos no interior e ganhei na capital", afirma.
No Senado, a bancada ruralista está mais forte: entram o ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi (PR) e o deputado Waldemir Moka
(PMDB-MS). Eles se juntam à
presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Kátia Abreu (DEM-TO).
Maggi repaginou o discurso, após ser crucificado no
exterior como "Motosserra
de Ouro" e "estuprador da
floresta". "Há espaço para
ampliar a produção e respeitar as regras estabelecidas.
Não quero mudança."
Maggi apoia, porém, o relatório de Rebelo. "Precisamos dar tranquilidade ao setor." A maior baixa dos ambientalistas será a saída de
Marina Silva, que deixa a Casa no fim desta legislatura.
Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de
Brasília
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