São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ministério Público resgata 11 pessoas de trabalho escravo

Trabalhadores dormiam em barracos de lona e tinham que pescar para se alimentar

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

Uma operação coordenada pelo Ministério Público do Trabalho resgatou 11 trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda em Lábrea (AM), cidade próxima à divisa com Acre e Rondônia, na floresta amazônica. A ação foi realizada entre os dias 22 e 30 de novembro.
De acordo com o Ministério Público do Trabalho, eles haviam sido aliciados em Porto Velho (RO) e passaram oito dias na mata derrubando árvores para abrir áreas para pastagem.
As vítimas, com idade entre 18 e 35 anos, dormiam em barracos de lona, sem proteção contra animais e insetos.
Eles também consumiam a água de um igarapé e tinham que pescar para se alimentar. Nenhum dos trabalhadores usava equipamento de proteção individual, como luvas e óculos.
Ainda de acordo com o Ministério Público do Trabalho, os funcionários, que recebiam entre R$ 1 e R$ 2 por hectare desmatado, eram submetidos a longas jornadas de trabalho sob a supervisão de um "gato" (responsável por arregimentar mão de obra).
"Era um tipo de confinamento, uma vez que os trabalhadores não podiam sair do local sem o apoio do empregador, que detinha o controle do transporte", afirmou o auditor fiscal do trabalho Klênio Lima.

ISOLAMENTO
A previsão era que a derrubada da mata fosse durar de 45 a 60 dias depois de iniciada. Segundo a promotoria, a região em que os trabalhadores estavam era tão isolada que a rodovia mais próxima ficava a 80 km de distância e o povoado vizinho, a 200 km.
A equipe da Superintendência do Trabalho e Emprego do Amazonas, que resgatou os trabalhadores, teve que viajar de avião e depois rodar mais 200 km para chegar ao local. O órgão divulgou o resgate no último dia 6.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, o proprietário da fazenda pagará verbas rescisórias no valor de R$ 900 e mais R$ 1.000 por danos morais a cada trabalhador. O nome do fazendeiro não foi divulgado.


Texto Anterior: Cidades usam Censo para aumentar Câmaras
Próximo Texto: Minha História - Marivaldo de Castro Pereira, 31: Da favela à Esplanada
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.