São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Tribunal cassa governador de Roraima

TRE diz que Anchieta Júnior usou emissora de rádio do governo para se promover; ainda cabe recurso ao TSE

Neudo Campos, que foi derrotado por Anchieta na eleição, assumirá o cargo na segunda-feira, segundo decidiu a corte

Charles Bispo-17.dez.10/Jornal Folha da Boa Vista
O governador cassado José de Anchieta Júnior em sua diplomação no TRE de Roraima

ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), foi cassado ontem por cinco votos a dois pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado. O motivo foi a utilização de uma rádio do governo estadual na campanha eleitoral de 2010.
Anchieta derrotou o candidato Neudo Campos (PP) no segundo turno na votação mais disputada do país. A diferença entre eles foi de apenas 1.700 votos.
Além da cassação, o TRE determinou que Anchieta pague uma multa de R$ 53.205. A Corte decidiu ainda que Campos terá de ser diplomado em seu lugar. O candidato do PP deve assumir o governo de Roraima na próxima segunda-feira.
De acordo com o TRE, Anchieta pode contestar a decisão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas terá que aguardar o julgamento do recurso fora do cargo.
A ação que resultou na cassação foi proposta por Neudo Campos. O candidato embasou a acusação em áudios e transcrições de programas apresentados por Mário César Balduíno, da Rádio Roraima AM, onde ele aparece atacando Campos e convocando a população a não votar em um "ficha suja".
Na época, o pepista respondia a uma ação de impugnação da candidatura, proposta pelo DEM, por estar supostamente enquadrado na Lei da Ficha Limpa. A ação foi julgada em outubro pelo TSE, que decidiu pela liberação da sua candidatura.
A três dias da eleição, a emissora, do governo do Estado, noticiou repasses do Fundo Solidário, sob comando da primeira-dama Shéridan Anchieta, e comemorou o pagamento do salário dos servidores públicos.
Anchieta, 45, governa o Estado desde 2007. Ele era vice de Ottomar Pinto, que morreu naquele ano.

COMPRA DE VOTOS
Anchieta também responde a um processo por compra de votos. Na prestação de contas do governador cassado apresentada ao TRE depois das eleições aparecem saques de R$ 5,5 milhões feitos mediante cheques emitidos pelo então candidato. A defesa alega que o dinheiro foi usada para pagar pessoal.
Em dezembro, o líder indígena José Newton Simão de Lima, da comunidade Boca da Mata, disse ter recebido a promessa de R$ 120 mil para obter votos em favor de Anchieta. Ontem, falou que o tucano sabia da negociação.
Na época, o governo de Roraima negou que Anchieta soubesse da tentativa de compra de votos e colocou em dúvida a motivação de Simão de Lima por ele ser assessor de Marília Pinto (PSB), vice de Neudo Campos.
Em dezembro, a Folha revelou que gravações mostravam familiares e auxiliares diretos do governador falando sobre oferta de dinheiro e benefícios em troca de apoio na eleição do ano passado.
A mulher de Anchieta prometia incluir moradoras de um bairro em um programa social mediante apelos de votos no tucano. Os diálogos foram encaminhados ao Ministério Público.


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