São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

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JANIO DE FREITAS

O mau ambiente


Parte do problema gerado pelo Código Florestal deve-se, em boa medida, ao governo mesmo

NEGOCIADOR DO GOVERNO, na tentativa de tornar um pouco menos prejudicial ao país o Código Florestal submetido à decisão da Câmara, Antonio Palocci adotou um argumento que atesta, por si só, o alcance negativo desse projeto discutido com tamanho açodamento e com a balbúrdia de grêmios escolares.
O governo se deu conta de que vários componentes do texto discutido, nos quais se fixou a intransigência dos grandes produtores agrícolas, favoreceriam a retaliação internacional contra os principais produtos da exportação agroindustrial brasileira, a começar da soja. Um desastre.
Não se trata apenas, portanto, de resistências do ambientalismo, por sinal muito justificadas pelas anistias e concessões contra o reflorestamento e outras. Nem é o caso de rigidez excessiva do governo na defesa da agricultura familiar e das cooperativas.
Mas parte do problema gerado pelo código e pelo tratamento deplorável que encontrou na Câmara deve-se, em boa medida, ao governo mesmo. Primeiro, por tardar tanto a reconhecer a importância do assunto, enquanto o relator Aldo Rebelo transitava com suas ideias polêmicas e os grandes proprietários sentiam-se na dianteira.
Depois porque, ao sobressaírem as divergências e os impasses, os governistas mostraram-se incapazes de se articular com eficiência.
Além de defecções na bancada governista, com o seu líder, Cândido Vaccarezza, aquém de um desempenho razoável, faltou a coordenação necessária entre os negociadores do governo.
Desde os muitos anos que o projeto passou enfurnado no Congresso até se tornar, agora, o centro de um impasse, nada esteve certo com esse pretenso Código Florestal. Sua aplicação não poderia oferecer nada melhor.

QUESTÃO DE JUSTIÇA
Correspondentes de guerra não são combatentes, no sentido militar da palavra. Mas, se estão em frentes de combate, correm tantos riscos quanto os chamados de combatentes. E, em geral, até mais, porque desarmados e sem o treinamento para tais situações.
Estão na guerra para prestar ao seu país o serviço de informações que vai além do jornalístico, pela influência no moral coletivo e nas posições tantas vezes influentes da opinião pública. E, se prestam tal serviço, o fazem com os riscos de quem está na guerra, sob o combate de sua vida com a morte.
Joel Silveira foi um dos correspondentes de guerra nas frentes em que a Força Expedicionária Brasileira esteve durante a Segunda Guerra, na Itália. A exigência da Advocacia-Geral da União para que seja comprovada a condição de combatente de Joel Silveira, ou não será quitado o saldo da pensão devido à sua viúva, é uma exigência que deveria anular-se já pelas mortes de jornalistas nos atuais confrontos armados de Oriente Médio, África e Ásia. São momentos de uma realidade que dispensa outras comprovações.

EM TEMPO
Se você conhece algum diplomata ou funcionário da ONU no Brasil, peça-lhe para informar à sede dessa instituição, em Nova York, que há pelo menos 700 mortos e números desconhecidos de feridos e presos por manifestações contra o regime autoritário da Síria. E no pequeno Iêmen a ferocidade não é menor.


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